O aumento na taxa de juros da economia para 10,75% não foi uma surpresa para o mercado, que já tinha como certa a alta de 0,25 ponto percentual, dada perspectiva de uma inflação fora da meta de até 4,5% ao ano.

Para o economista Andre Perfeito, apesar desse projeção inflacionária, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC), responsável pela decisão, poderia ter optado pela manutenção da taxa.

+ Brasil ocupa o 2º lugar na lista de países com maior juro real; veja ranking

“Teria espaço para manutenção dos juros, mas o Banco Central quer ver a atividade econômica mais fraca para evitar problema na inflação”, diz.

Na avaliação de Perfeito, a manutenção de uma Selic em 10,5% se justificaria, pois a atividade econômica não deve avançar como o visto no segundo trimestre deste ano, que cresceu 1,4%, o mercado de trabalho deve seguir no patamar atual, pois a taxa de desemprego não deve cair muito abaixo dos 6,8% atual, estando, então, a desaceleração da economia já contratada. “Contudo, o mercado já estava em uma posição muito clara de que haveria a elevação da Selic”.

O comunicado, dizendo que o Comitê avalia haver um risco altista para o cenário inflacionário, foi avaliado como “bastante duro” por Perfeito, “especialmente no dia que o Fed resolveu cortar [os juros] em 0,50 p.p.“.  “Determinaram muito claramente que estão de olho na atividade. Bateram muito na questão do hiato; acreditam que a atividade mais forte que seria adequado”.

O texto indica que este é o início de um ciclo de aperto monetário, logo, a tendência é de levar a taxa de juros para uma situação mais contracionista e focados na expectativa de inflação corrente. “Deve ter mais uma alta”, afirma.

O economista também considera a unanimidade entre os membros do Comitê pela elevação dos juros como algo positivo, e a que a decisão deve trazer “alguma serenidade” para o mercado nesta quinta-feira, com menor depreciação do real frente ao dólar, com uma queda na cotação da moeda norte-americana já aguardada.