A suspeita de uma possível armação de atentado no tiroteio que resultou na morte de um homem desarmado na comunidade de Paraisópolis, na capital paulista, ameaça a campanha do candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O tema deve ser levado ao último debate antes do segundo turno realizado hoje (27), na TV Globo, às 22 horas. Pesquisa Ipec, divulgada na terça-feira (25), mostra Tarcísio com 52% dos votos válidos e Fernando Haddad (PT) com 48%.

  • O que aconteceu em Paraisópolis?

No dia 17 de outubro, durante visita de Tarcísio à comunidade de Paraisópolis, houve uma troca de tiros entre policiais a paisana e suspeitos que estavam em motocicletas.

  • Imagens

Um cinegrafista da Jovem Pan, que cobria o evento, teria filmado imagens do tiroteio e afirmou ter sido pressionado pela campanha do candidato a apagar as gravações. O áudio foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo em reportagem publicada na terça-feira (25).

Polícia Civil pede imagens de tiroteio que interrompeu campanha de Tarcísio em SP

  • Demissão

Marcos Andrade pediu a rescisão de seu contrato com a Jovem Pan nesta quinta-feira (27). Ele relata que filmou um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e policiais à paisana, da equipe de Tarcísio, disparando tiros na ação.

  • Equipe de Tarcísio

O cinegrafista disse à Folha que sua demissão foi pedida pela equipe de Tarcísio à Jovem Pan.

  • Momento do tiroteio

Na hora do tiroteio, o ex-ministro da Infraestrutura e sua equipe ficaram abaixados em uma sala. Ele deixou o local cercado por seguranças em uma van blindada.

  • Versão de Tarcísio de Freitas

No Twitter, Tarcísio disse que foi atacado por criminosos. Nas redes sociais, bolsonaristas divulgaram que ele havia sido vítima de um atentado. Imagens do episódio foram veiculadas no horário eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o caso passou a ser investigado pela Polícia Civil.

  • Investigação

A Polícia Civil identificou que o tiro que matou o homem de 27 anos foi disparado por um soldado do serviço reservado da Polícia Militar. Ele reforçava o policiamento da região devido a visita do candidato à comunidade. A corporação requisitou acesso às imagens registradas pela imprensa e das câmeras corporais de policiais presentes no momento do tiroteio.

  • Áudio

No áudio gravado por Marcos Andrade um integrante da campanha de Tarcísio pergunta ao cinegrafista se ele havia filmado “os policiais trocando tiro”. O repórter cinematográfico responde: “Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras”. O assessor do candidato ordena, então, que ele apague a gravação: “Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso não”. O vídeo foi apagado, então não é possível afirmar quem foi o autor dos disparos e como isso ocorreu.

  • Defesa Tarcísio de Freitas

Em nota, a equipe de campanha de Tarcísio de Freitas diz que “há uma grave tentativa de descontextualização do episódio em Paraisópolis e de interpretação equivocada do áudio divulgado”.

Segundo o comitê, o cinegrafista e os outros jornalistas que estavam em situação de risco foram colocados na van da equipe da campanha para garantir a segurança na saída do local. “Nesse momento, foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido”, esclarece a nota.

  • Versão da equipe de campanha

“Ao chegar na base, um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista da Jovem Pan se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá. O questionamento foi feito na chegada da base, após o tiroteio, em frente a todos que lá estavam, incluindo jornalistas de outras emissoras”, diz nota.

  • Divulgação de imagens

A equipe de Tarcísio ainda alega que, durante a agenda, representantes da imprensa fizeram imagens da situação ocorrida, colocaram no ar e não houve impedimento por parte da campanha.