09/11/2005 - 8:00
As empresas brasileiras que têm ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York podem separar mais uma garrafa de champanhe para comemorar o fim do ano com uma grande notícia. As chamadas ADRs (American Depositary Receipts), sigla em inglês para os papéis, deverão encerrar o ano com um volume financeiro recorde. De acordo com dados do Bank of New York, os títulos das 37 companhias listadas negociados de janeiro até outubro deste ano somam US$ 103 bilhões. É um crescimento extraordinário comparado ao número registrado no final de 2004, quando o volume movimentado foi de US$ 60 bilhões. Para avaliar o desempenho das companhias nacionais, a Dow Jones tem até um índice de ADRs que reúne 20 ações das empresas brasileiras mais negociadas no pregão americano. Desde que foi lançado, em outubro de 2004, o índice DJ Brazil Titans valorizou 67,7% contra 30% de alta do Ibovespa no mesmo período. ?O índice brasileiro hoje é um dos melhores do mundo e a procura pelos papéis continua alta?, diz René Boettcher, vice-presidente de ADRs da América Latina do Bank of New York.
O excesso de liquidez internacional e a valorização do real frente ao dólar são boas explicações para o sucesso das companhias nacionais lá fora, mas os bons resultados da economia e a definição de novos padrões na regulamentação do mercado de capitais são outros fatores relevantes. A adesão das empresas locais a regras de transparência também ajuda a atrair os investidores estrangeiros. ?O Brasil fez grandes avanços em governança corporativa e o investidor internacional já reconhece isso?, avalia Boettcher.
Com bons ventos soprando a favor do País, 28 empresas nacionais desembarcam em solo americano no próximo dia 14 de novembro para a terceira edição do Brazil Day, um road show das companhias locais na Bolsa de Nova York. Neste dia haverá oito painéis setoriais em que as empresas serão sabatinadas por analistas e investidores. ?As perspectivas para 2006 são boas, o mercado internacional já entende o arcabouço legal e o contexto macroeconômico do Brasil?, diz Marco Geovanne, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores. ?O que pode impactar o desempenho das ADRs é o cenário externo, a exemplo do aumento da taxa de juros americana?, comenta. ?Mas as empresas brasileiras fizeram a lição de casa e estão prontas para crescer?.