NEM ADIANTA MARCAR COMPROMISSO às sextas-feiras com o empresário Wilson Poit, 49 anos, dono da Poit Energia, empresa de aluguel de geradores de energia com faturamento de R$ 70 milhões por ano. Pelo menos uma vez por mês, ele mata a sexta-feira rumo às trilhas de terra no Sudeste e Nordeste do País. A bordo de seu Pajero, acompanhado de seu filho Vinícius, o empresário participa do rali Mitsubishi MotorSport, evento promovido pela montadora Mitsubishi e dedicado aos proprietários dos modelos 4×4 da marca. ?As provas me transformaram em um cliente fiel?, afirma o empresário, que tem três modelos Mitsubishi na garagem. ?É a melhor forma de divulgar a qualidade do nosso produto e a imagem da nossa marca?, destaca Corinna Souza Ramos, diretora de projetos especiais da Mitsubishi. ?Nas provas, o consumidor aprende a usar todos os recursos do carro em diferentes situações?, completa. Uma estratégia de marketing que não é exclusiva da montadora japonesa e tem se tornado quase obrigatória entre as marcas de carros. Outros ícones do automobilismo, como a alemã Porsche e as francesas Peugeot e Renault, também organizam campeonatos nos quais os pilotos são os clientes. ?Essas ações reforçam a imagem das marcas?, diz Ricardo Longo, gerente de projetos da Troiano Consultoria, empresa especializada em marcas. ?No caso da Porsche, ressalta a esportividade; e no caso da Mitsubishi desperta a resistência.?

Em todos os campeonatos o requisito básico é que o piloto tenha um carro da marca. Versões zero-quilômetro do jipe Pajero ou da picape L200, os modelos mais utilizados nos trajetos, custam entre R$ 81 mil e R$ 192 mil. ?Criamos ralis para todos os tipos de clientes?, enfatiza Corinna. Além do Mitsubishi MotorSport, a montadora também desenvolveu o Mitsubishi Cup, voltado para velocidade e que exige do competidor uma carteira de piloto de rali, e o Mitsubishi Outdoor, focado em esportes de aventura. De olho nesse consumidor off-road, a Peugeot também decidiu levantar poeira com os seus modelos 206 e 307 e criou a Copa Peugeot. Trata-se de um campeonato disputado por 60 carros e que é dividido em duas categorias de sete etapas cada uma. A primeira delas é um rali de regularidade que avalia a precisão de tempo de cada participante no percurso. A segunda é um rali de velocidade que paga R$ 150 mil em prêmios e exige que o competidor seja filiado à Confederação Brasileira de Autmobilismo (CBA).

 

MITSUBISHI MOTORSPORT
Número de carros: 250
Como é: 11 etapas são disputadas em oito meses nas regiões Sudeste e Nordeste do País
O que é preciso: ser proprietário de um Mitsubishi 4×4
Quanto custa: os modelos Pajero e L200, os mais usados na prova, variam de R$ 81 mil a R$ 192 mil

Enquanto algumas montadoras escolhem os ralis para fidelizar seus clientes, outras preferem o asfalto, as zebras e as caixas de brita das pistas. A Porsche, por exemplo, dá suporte para o Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, campeonato de 16 etapas no qual participam personalidades como o empresário Constantino de Oliveira Junior, presidente da Gol Linhas Aéreas, e o cineasta Walter Salles. Para disputar a temporada, o interessado tem de ser indicado por alguém que tenha um Porsche, possuir uma carteira de piloto e pagar R$ 30 mil por corrida. ?A Porsche fabrica, com exclusividade, os carros que serão usados no campeonato?, revela Roberto Keller, diretor da prova.

?As máquinas são emprestadas aos pilotos durante a temporada?, reforça. Vale lembrar que para tirar a carteira de piloto o aluno tem de pagar, em média, uma taxa de R$ 2,7 mil em um pacote que oferece toda a estrutura de aulas teóricas e práticas.

 

COPA CLIO
Número de carros: 22
Como é: 16 etapas são disputadas em dez meses
O que é preciso: ter a carteira de piloto e pagar R$ 25 mil no carro preparado para a prova
Quanto custa: R$ 150 mil por temporada

A Copa Clio, da Renault, também exige carteira de piloto. ?Estamos presentes nos dois extremos do automobilismo?, ressalta Cássio Pagliarini, diretor de marketing da Renault. ?Começamos com a Copa Clio e vamos até a Fórmula 1.? Fernando Junianelli, vice-presidente da Reunion Sports & Marketing, empresa que organiza o campeonato, define o perfil dos participantes: ?Temos desde profissionais até pilotos amadores.? O campeonato, composto por 25 carros que disputam dez corridas nos autódromos de São Paulo, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e do Rio de Janeiro, dura nove meses. Para participar, cada pessoa paga R$ 25 mil no carro preparado para a corrida e uma taxa de R$ 150 mil por temporada. Tudo isso em nome da competição.