Dois meses e nove dias depois de entregar o texto da reforma da Previdência ao Congresso Nacional, o governo admitiu a manutenção da aposentadoria integral e da paridade do reajuste para servidores públicos. Esses dois pontos eram, até então, inegociáveis porque representavam o fim da idéia de que iniciativa privada e servidores do Estado terão um sistema de aposentadoria com regras iguais. O anúncio foi feito pelos líderes governistas no Congresso depois de reunião entre parlamentares, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, na quarta-feira 9. Dirceu quer, agora, convocar reunião entre o presidente Lula e os governadores de Estado para redefinir os termos da proposta. A mudança na essência da reforma previdenciária é uma vitória do presidente do STF. Ele convocou presidentes de tribunais superiores para formatar uma posição dos juízes sobre a reforma. Seus subordinados ameaçaram entrar em greve. Com isso, os magistrados estão conseguindo subverter o projeto original.