O mercado de tokens terá capitalização entre US$ 1 trilhão e US$ 4 trilhões até 2030, segundo projeções da consultoria McKinsey para o setor. A tokenização oferece soluções para investimentos em diferentes segmentos como imóveis, ações judiciais e até obras de arte.

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Para entender o que são tokens e como eles funcionam, é necessário entender primeiramente a tecnologia envolvida. CEO da Boost Research, André Franco define a blockchain como “uma estrutura descentralizada que funciona como um grande livro de registros digital”.

Nesta coleção de registros, a descentralização é uma característica central. “Diferente dos bancos de dados tradicionais, que são gerenciados por uma única entidade, o blockchain é mantido por uma rede de computadores que trabalham em conjunto, explica o sócio do MVSA Advogados, Marcus Valverde.

As redes blockchain são mais conhecidas por oferecerem suporte para as criptomoedas, como bitcoin e ethereum. Através delas, é possível também criar os tokens. Entenda como eles funcionam em sete pontos a seguir:

O que são tokens?

Tokens são representações digitais de bens ou ativos do mundo real. Tokenizar é criar esta representação dentro de uma rede blockchain.

“Quando se tokeniza um apartamento, por exemplo, são criadas representações digitais do imóvel, e cada representação digital será equivalente a um pedaço do direito sobre ele”, explica o fundador da Tokeniza, Arthur Coelho.

Através da criação de um token, é possível fragmentar mais facilmente um investimento. Seguindo o exemplo do apartamento, o token do imóvel poderia ser repartido entre várias pessoas, que passariam a ter direito a parte do aluguel ou outras remunerações relacionadas ao bem.

O que pode ser tokenizado?

O mercado de tokens é bastante amplo. Qualquer ativo tangível ou intangível pode ser tokenizado. Para além dos imóveis, outros exemplos incluem obras de arte físicas e digitais, empréstimos, precatórios, direitos autorais, entre outros.

No caso dos direitos autorais, por exemplo, há empresas que comercializam a propriedade intelectual de obras como o catálogo musical da dupla Maiara e Maraisa. Após adquirir parte dos tokens das músicas, criados pela Hurst Capital, os investidores passam a receber uma parte do que seria pago pelo uso e reprodução das canções. A fração recebida é proporcional ao número de tokens comprados.

Outro exemplo é a Usina Fotovoltaica SPE1 USE Energia, que comercializou tokens através da plataforma Tokeniza. “A empresa precisava de acesso ao capital para construir uma nova usina e decidiu optar pela tokenização para captar recursos junto a investidores. Ao comprar tokens dessa usina, o investidor terá direitos a receber uma espécie de dividendo mensal que vem da venda de energia”, diz Arthur Coelho.

Como investir em tokens?

Para entrar neste mercado, é necessário buscar uma plataforma que transforme ativos em tokens e depois os comercialize. Além das empresas já citadas acima, outros exemplos de negócios neste ramo são o Mercado Bitcoin, Blocks BR, Peer e Liqi.

Dentro da plataforma desejada, você poderá ver os ativos disponíveis para avaliar se vale a pena investir neles. Caso precise vendê-los, a operação terá de ser feita por meio da mesma plataforma também.

Terei o token para sempre?

As operações com tokens normalmente possuem um prazo definido. Quem adquire será dono e terá direito a receber os rendimentos durante um tempo pré-determinado.

No caso da operação da Usina, por exemplo, o período estabelecido foi de 40 meses. Já nas canções de Maiara e Maraisa, foi anunciada uma expiração após 360 meses. “Há operações que podem ser mais longas, com prazos de 70 a 120 meses, da mesma forma que podem existir operações de 6 e 12 meses”, explica Coelho.

Quanto custa para investir neste mercado?

Os tokens possuem diferentes faixas de preços, de valores relativamente baixos como R$ 500 até quantias na casa dos milhares de reais. Nos exemplos citados, os tokens da Usina Energia estavam disponíveis a partir de R$1.000. Já as frações do catálogo da dupla sertaneja eram vendidas a partir de R$ 10 mil.

Em alguns casos, as plataformas oferecem acesso a mercados secundários de tokens, em que é possível revender fragmentos ainda menores do investimento.

Qual é o retorno do investimento em tokens?

A rentabilidade dos tokens varia de acordo com o ativo escolhido. As empresas que comercializam-nos costumam apresentar estimativas, porém é necessário cautela. Projeções podem estar erradas, e o resultado pode ser um ganho aquém do esperado ou até prejuízos.

Desistir do investimento também pode ser bastante difícil. Quem adquiriu o token precisará comercializá-lo dentro da mesma plataforma em que ele foi comprado. Terá assim de enfrentar obstáculos como a dificuldade de encontrar um comprador interessado ou prejuízos com a revenda.

Investir em tokens é seguro?

Para garantir sua segurança neste investimento, o primeiro passo é buscar instituições confiáveis, autorizadas a funcionar pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Outro ponto importante é analisar o ativo ao qual o token está atrelado. “Os tokens que têm como lastro uma garantia real, como um imóvel, oferecem baixo risco. Na prática, se algo der errado, há como executar a garantia para ressarcir os investidores”, analisa Coelho.

Lembre-se também que mesmo com uma operadora certificada e um ativo real, ainda há riscos atrelados a natureza do investimento. No caso dos exemplos citados, pode haver problemas na usina, ausência de interessados no imóvel, ou uma queda brusca na arrecadação de direitos autorais de um artista.

Assim, o recomendado é investir apenas uma parte pequena do seu patrimônio no mercado de tokens. Antes de buscar um investimento com este nível de risco, lembre-se ainda de formar uma reserva de emergência em uma aplicação segura, com o valor equivalente a pelo menos seis meses dos seus gastos mensais.