Os manuais de economia são incapazes de explicar os acontecimentos do mercado financeiro na quarta-feira 3. O Banco Central (BC) confirmou as expectativas do mercado e elevou a taxa de juros referencial Selic em 0,5 ponto percentual para 11,75% ao ano, o maior patamar desde 2011, apesar de o crescimento econômico de 2014 ter sido fraco e o de 2015 não trazer notícias muito mais positivas. E, mais surpreendente do que isso, a expectativa de alta dos juros fez a Bolsa fechar em alta de 1,37%

Como explicar todas essas contradições? Simples: ao elevar os juros pela segunda vez consecutiva após as eleições, o Comitê de Política Monetária (Copom) está cumprindo a segunda missão de um Banco Central moderno, que é balizar as expectativas dos investidores individuais e institucionais que formam essa entidade chamada mercado. “O BC está agindo preventivamente, não devido à demanda, mas devido às expectativas para 2015, que não são positivas”, diz Pedro Paulo Silveira, economista chefe da corretora paulista TOV.

Desde o início da semana, as sondagens junto ao mercado indicavam que a expectativa era de alta de 0,5 ponto percentual tendo em vista que a inflação esperada para 2015 permanece perigosamente perto do limite máximo da meta, que é de 6,5%. Apesar de a diferença entre os preços livres e os administrados – como energia e combustíveis – ter diminuído, o cenário para os alimentos não é bom. As chuvas em novembro foram inferiores ao esperado e voltaram a fica abaixo da média histórica, o que pode manter elevados os preços dos alimentos e do etanol. 

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