16/08/2015 - 12:34
O temor de uma perigosa contaminação no porto chinês de Tianjin ressurgiu neste domingo, quando o exército anunciou que centenas de toneladas de cianureto estavam armazenadas no local devastado pelas explosões, causadoras de 112 mortos.
Esta é a primeira confirmação oficial da presença deste componente químico extremamente perigoso no depósito onde, na quarta-feira, foram registradas explosões violentas.
A catástrofe alimenta os temores de contaminação entre os 15 milhões de habitantes desta metrópole portuária do leste chinês.
As famílias das vítimas acusam as autoridades de esconder a verdade, ao mesmo tempo em q que vários sites foram bloqueados por terem difundido “rumores”.
O destino de cem pessoas ainda é desconhecido, entre elas 85 bombeiros, e as autoridades explicaram que a maioria pode figurar entre os 88 corpos que não foram identificados por ora.
Mais de 700 pessoas foram hospitalizadas depois das explosões, que provocaram incêndios ainda ativos, apesar dos esforços dos bombeiros.
O general Shi Luze, chefe do Estado-Maior da região militar de Pequim, declarou à imprensa que o cianureto foi identificado em dois lugares onde ocorreu o acidente. “Segundo estimativas premilinares, o volume alcança muitas centenas de toneladas”, afirmou.
O general não disse que tipo exato de cianureto era, mas a imprensa indicou previamente a presença de 700 toneladas de cianureto de sódio.
Este composto, sob a forma de pó cristalino, pode, sob certas condições, liberar cianureto de hidrogênio, um gás altamente asfixiante, que atua sobre a capacidade do organismo de utilizar oxigênio e pode ser rapidamente mortal, segundo o Centro de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos.
Especialistas enviados pelas autoridades chinesas utilizaram água oxigenada para tentar neutralizar a substância.
Também foi mobilizada uma equipe de 217 militares especialistas em armas nucleares, bacteriológicas e químicas.
As autoridades chinesas tentam tranquilizar os habitantes, assegurado que, apesar da preseça de taxas anormais de alguns contaminantes, o ar de Tianjin é respirável.
O primeiro-ministro Li Keqiang visitou as zonas neste domingo para acompanhar as operações de salvamento, como acontece com frequência nesse tipo de circunstância, segundo a televisão local, que o mostsrou com o rosto descoberto, sem máscara.
A agência oficial Xinhua indicou que a densidade de cianureto nas águas usadas era, na quinta-feira, 10,9 vezes superior ao normal. O Greenpeace explicou neste domingo que analisou as águas da superfície e os níveis de cianureto não eram elevados.
“Isso demonstra que as reservas de água não estão gravemente contaminadas”, afirmou a ONG, insistindo, no entanto, para que as autoridades realizem análises exaustivas do ar e da água e publiquem os resultados.
A imprensa indicou no sábado que os bairros situados num raio de 3 km do local do acidnete foram evacuados.
As autoridades disseram em seguida que esta informação era inexata, apesar de ser contatada a presença de barreiras que impedem o acesso à zona e serem vistas muitas pessoas deixando o lugar.
Muitos dos habitantes, parentes das vítimas, e internautas criticam a falta de transparência por parte de Pequim.
Várias famílias tentaram no sábado invadir uma sala onde as autoridades davam uma coletiva de imprensa. Neste domingo, parentes dos falecidos também tentaram interromper uma coletiva dos dirigentes locais.
As autoridades tentam abafar as críticas sobre sua gestão da crise, censurando comentários na internet. Mais de 360 contas de redes sociais foram fechadas.
Cerca de 50 sites também foram alvo da revolta de Pequim “por terem semeado o pânico publicando informações não verificadas que permitem aos usuários divulgar rumores infundados”, segundo o regulador chinês da internet.
“Não há liberdade de expressão. As palavras são proibidas de formas diversas”, lamentou um internauta.
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