Vamos brincar de “o que é, o que é”. Parece um banco, mas não é um banco? Tem onboard digital, canais mobile e internet banking, mas não é um banco? Tem tecnologia para operar a parte regulatória e contábil de um banco, mas não é um banco? Possui ferramenta para enviar os informes legais junto ao Banco Central, mas não é um banco? Opera o Pix, efetiva compliance bancário, de prevenção lavagem de dinheiro, mas não é um banco? Tramita investimentos, renda fixa, renda variável, tesouro direto, mas não é um banco? Ok, chega de perguntas. Vamos ao que interessa. A resposta é Topaz, empresa de tecnologia especializada em serviços financeiros digitais.

Se alguém quiser abrir um banco hoje, a full bank plataform da companhia tem todas as ferramentas necessárias. “Temos um conjunto efetivamente completo para qualquer instituição financeira que deseja renovar, atualizar e se transformar digitalmente”, afirmou à DINHEIRO, Jorge Iglesias, CEO da Topaz.

E por que estamos falando da Topaz? Não, não vamos começar novamente uma sequência de indagações. Vamos direto às explicações. A empresa de origem uruguaia — nasceu em 1987 como Top System — mira faturamento de R$ 1 bilhão em 2025. Nada mal para quem registrou receita de R$ 70 milhões em 2016. Esse avanço foi possível pela estratégia agressiva de M&A depois de ser adquirida pela brasileira Stefanini em 2012.

Foram grandes movimentos para incorporar novas soluções à plataforma e atender às principais necessidades dos mercados.

Três deles mais recentes e que desenvolveram os negócios da Topaz.
Em 2020, comprou as unidades de negócio de detecção de fraude on-line e de software local da Diebold Nixdorf Brasil. Isso proporcionou a viabilização da suíte OFD (Online Fraud Detection) para usuários e consumidores de transações eletrônicas.
Em julho de 2021, adquiriu 60% do Grupo CRK, reconhecida no mercado pelo desenvolvimento de sistemas integrados para gestão financeira de tesourarias de bancos.
Em janeiro de 2022, anunciou a compra de uma participação majoritária da Cobiscorp, empresa de software bancário com sede dos Estados Unidos.

“As aquisições são frutos da saúde e solidez financeira da companhia, que é geradora de caixa”, disse Iglesias, ao apontar Ebitda na casa de 35% da receita. O capital intelectual e o know-how são proprietários. “Não é revenda de tecnologia de terceiros”, enfatizou o executivo.

PagBank, líder em maquininhas de cartão, passou a oferecer produtos e serviços como a concessão de crédito, inclusive para parte da população não-bancarizada (Crédito:Divulgação )

Atualmente são 300 clientes da Topaz, 150 deles no Brasil e outros 150 espalhados por 25 países, principalmente pelas Américas. Por aqui, a empresa surfa na onda da digitalização dos grandes bancos e no desenvolvimento das fintechs.

Segundo o estudo Fintech Report, do Distrito, das 13.365 startups ativas no ecossistema brasileiro em 2023, 1.476 atuam no setor financeiro. As peculiaridades do setor, com open finance, Pix e Drex, têm colaborado para que o Brasil se destaque no cenário global, a partir de soluções inovadoras.

Entre os clientes da Topaz está o PagBank, líder no segmento de maquininhas de cartão, com 31 milhões de clientes e mais de R$ 1 trilhão em transações financeiras processadas. A partir da parceria com a companhia de tecnologia, a instituição financeira, antecipou os recebíveis dos clientes que utilizam suas soluções e também passou a oferecer outros produtos e serviços, como a concessão de crédito, inclusive para parte da população não-bancarizada. “A Topaz e o Grupo Stefanini construíram uma estrutura de banco digital simples, segura e acessível. Acredito que o co-empreendedorismo é quando empresas se unem para compartilhar conhecimento e ativos para desenvolver soluções que geram valor aos negócios”, disse o CEO do PagBank, Alexandre Magnani.

Topaz possui 2 mil colaboradores que desenvolvem a full bank plataform da companhia para 300 clienstes, sendo 150 deles no Brasil (Crédito:Divulgação )

ABERTURA DE CAPITAL

Como próximo passo do plano de crescimento, a Topaz prepara seu IPO (oferta pública inicial). Estruturada e capitalizada, a companhia tem três frentes a serem atacadas a partir da venda de ações:
levar maior profissionalização e transparência à operação;
atração e retenção de talentos;
e expansão, em especial para os Estados Unidos.

“Temos cinco clientes no mercado americano, porém, não é a força e a relevância que a gente quer. Estamos efetivamente nos preparando para ter um outro posicionamento”, disse Iglesias.