Por Andrew Mills e Charlotte Bruneau

DOHA (Reuters) – Ashraf Ali chegou ao Estádio 974 seis horas antes da partida entre Argentina e Polônia pela Copa do Mundo e, em desespero, ergueu uma placa escrita à mão: “Precisamos de ingressos”.

Alguém ofereceu um por 2 mil dólares, nove vezes o valor original.

O preço foi muito alto para Ali, 30, que viajou do Egito para o Catar para realizar o sonho de ver o astro argentino Lionel Messi jogar. Trinta minutos antes do início do jogo, ele conseguiu um ingresso por 500 dólares, e testemunhou a vitória da Argentina por 2 x 0.

Outros torcedores sem ingressos estão se reunindo cada vez mais em perímetros de estádios lotados em Doha durante a Copa do Mundo para pechinchar com os cambistas, que vendem discretamente ingressos para jogos populares por até 10 vezes o valor original.

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Eles parecem não se intimidar com patrulhas policiais, câmeras de segurança e leis que proíbem a prática no país do Golfo Árabe.

“Um mercado paralelo está tomando forma”, disse um cambista da França à Reuters, dizendo que as vendas lhe renderam dinheiro suficiente para pagar sua viagem à final, mais um bônus.

O homem, que não quis ser identificado, disse que cobra “dos torcedores mais dedicados” uma margem de 1.000% por ingressos para jogos disputados, com estrelas como Messi e Cristiano Ronaldo.

“Eu (vendo para) as partidas que você pode monetizar mais.”

Outros cambistas experientes viajaram para Doha para ganhar dinheiro com a Copa, a primeira no Oriente Médio. A Reuters conversou com cerca de 20 pessoas que disseram ter comprado ou tentado comprar ingressos no mercado paralelo usando plataformas de mídia social ou fora dos estádios.

Torcedores também foram vistos trocando dinheiro por bilhetes do lado de fora do estádio Al Thumama, onde multidões sem ingressos queriam ver o Marrocos na vitória por 2 x 1 sobre o Canadá.

No sábado, os organizadores pediram aos torcedores sem ingressos que não fossem aos estádios, após os jogos de quinta e sexta-feira, onde grandes multidões tentaram obter acesso sem ingressos.

(Reportagem de Charlotte Bruneau e Andrew Mills)

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