20/12/2013 - 21:00
Tensão nas arquibancadas. Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, se prepara. Entra em campo, assume seu posto e dispara: sim, vai reduzir os estímulos à economia nos Estados Unidos. Não, não vai mexer nos juros. Ok, as mudanças serão lentas e graduais. Ufa, essa passou rente à trave. O dólar não disparou, as bolsas reagiram bem. Ainda estamos no jogo. Valeu a torcida. Foi assim na quarta-feira 18. E, dessa forma, com a sensação de final de campeonato mata-mata, a economia brasileira muitas vezes tem vivido. Não dá para dizer que jogamos na retranca. Mas as partidas vão se sucedendo e, em vez de impor sua estratégia, o Brasil parece mais interessado em tocar de lado e ver o tempo passar, à espera de um lance ocasional que decida a seu favor.
Nos últimos anos, tivemos oportunidades de decidir o jogo. Em alguns momentos, tivemos a impressão de que iríamos com tudo ao ataque, mas não tivemos forças para suplantar as linhas da politicagem, dos interesses de grupos específicos. Mesmo no cenário positivo, mostramos não ter esquema tático, ou melhor, um projeto claro e definido para modernizar a economia do País. Enquanto isso, fé na torcida. Haja coração. A decisão do Fed, o banco central americano, lança a bola novamente para os nossos pés. Ganhamos tempo e uma mensagem positiva.
A lenta redução nos incentivos nos Estados Unidos evita uma fuga rápida dos investimentos nos mercados emergentes e, ao mesmo tempo, sinaliza que a maior economia do mundo está mais forte, o que é bom para todos. Somem-se a isso perspectivas menos sombrias na Europa e a manutenção do crescimento chinês e temos um quadro global mais otimista para 2014 e os anos seguintes. Internamente, há também boas notícias, como o novo recuo no desemprego e o sucesso nos processos de concessões na área de infraestrutura. É pouco, porém, para podermos gritar gol. Para que o Brasil se garanta na primeira divisão da economia, precisa aproveitar esse bom momento e finalmente avançar nas reformas estruturais. Sem elas, ficaremos sempre na torcida.