O deputado federal Reginaldo Lopes (MG), atual líder do PT na Câmara, afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres precisa responder em que momento o governo de Jair Bolsonaro (PL) pretendia usar a minuta golpista encontrada na casa dele nesta semana pela Polícia Federal (PF). Torres, que estava nos Estados Unidos, chegou neste sábado, 14, ao Brasil e foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre a invasão dos prédios dos Três Poderes no último domingo, 8, em Brasília (DF).

O magistrado ordenou a prisão de Torres na última terça-feira, 10. Naquele dia, durante uma operação de busca e apreensão na casa do ex-ministro, a PF encontrou o rascunho de um decreto para instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, com isso, reverter o resultado da eleição em que Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moraes determinou que Torres fosse preso porque ele ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando golpistas apoiadores do ex-presidente invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF. Há suspeita de omissão e conivência das forças de segurança do DF com a ação dos invasores.

“É fundamental para a democracia brasileira que ele possa explicar: a mando de quem, quem deu ordem para ele elaborar aquela minuta do decreto de defesa na Justiça Eleitoral, com intuito de dar golpe na democracia brasileira, de alterar a vontade popular nas urnas no dia 30 de outubro que consolidou a vitória do presidente Lula? Nós queremos conhecer a verdade”, disse Lopes, em um vídeo publicado nas redes sociais.

“Uma outra pergunta importante que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, agora preso, Anderson Torres terá de responder à Justiça brasileira é: em que momento eles pretendiam utilizar o decreto da defesa para alterar o resultado eleitoral? No dia 30 de outubro ou depois, que, sob pressão, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, apresenta um recurso tentando anular algumas urnas? Seria a partir do recurso do presidente do PL que publicariam o decreto do golpe e assumiriam o comando da Justiça eleitoral para alterar a vontade popular?”, emendou o líder do PT.

Lopes se referiu à ação na qual o PL pediu para a Justiça anular votos na eleição presidencial com a alegação de que uma auditoria havia encontrado inconsistências em uma série de urnas eletrônicas. Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, rechaçou os argumentos do partido comandado por Costa Neto e determinou uma multa de R$ 22,9 bilhões ao PL por litigância de má-fé.

Na última transmissão ao vivo realizada durante seu mandato como presidente, em 30 de dezembro, Bolsonaro disse que havia passado os dois meses anteriores em busca de “alternativas” à eleição de Lula. “Busquei dentro das quatro linhas se tinha alternativa para isso aí”, afirmou o ex-presidente. “Mesmo dentro das quatro linhas da Constituição, você tem que ter apoio”, emendou.