O projeto de perfuração na foz do Rio Amazonas, liderado pelo grupo petrolífero Total, será feito “em respeito ao meio ambiente” – garantiu nesta sexta-feira (1º) seu presidente-executivo, Patrick Pouyanné, após ter sido interpelado por ativistas do Greenpeace.

“Conduziremos o projeto em respeito ao meio ambiente, ou então não o faremos”, assegurou a alguns jornalistas, depois que a assembleia geral do grupo de petróleo francês foi invadida por dezenas de militantes, que protestaram contra os projetos de perfuração no Brasil.

Apesar do grande dispositivo de segurança, os militantes do Greenpeace e da ONG ANV-COP21 invadiram a assembleia geral dos acionistas, que foi temporariamente suspensa. Vários deles subiram na tribuna e quatro se penduraram, com cordas, no teto do Palácio do Congresso, em Paris, onde acontecia a reunião.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) pediu mais uma vez ao grupo petrolífero que revisasse seu projeto, considerando as análises de impacto ambiental “insuficientes” para este projeto na foz do rio Amazonas.

“Temos quatro meses para responder. Pediram que fizéssemos estudos complementares e vamos fazê-los (…) responderemos às demandas e continuaremos nesse diálogo”, assegurou Patrick Pouyanné.

A ONG Greenpeace afirma que o recife de coral no rio Amazonas, descoberto em 2016, é maior do que se pensava e se estende até as áreas de concessões onde a Total quer buscar petróleo.

“Há corais e recifes de corais a 30 km de distância, em áreas pouco profundas, mas nas áreas profundas onde estamos – já que perfuramos a mais de 1.800 metros da água – há áreas móveis que não são suscetíveis de abrigarem corais”, detalhou Patrick Pouyanné.

“Os riscos que são apresentados, do nosso ponto de vista, não existem”, continuou ele.

O poço de exploração proposto “não é particularmente complicado” e não tem nada a ver com o campo de Macondo no Golfo do México, onde uma plataforma da BP explodiu em abril de 2010, matando 11 pessoas e causando uma maré negra.

“Nós não queremos, depois do que aconteceu em Macondo e que custou mais de 60 bilhões de dólares para a BP, expor a Total a tal risco. Então, se nós propomos esses projetos é porque estamos confiantes de que somos capazes de realizá-lo sem assumir o risco ambiental da poluição”, insistiu Patrick Pouyanné.

A Total também apresentou um pedido de autorização para a realização de um poço de exploração no início de 2019 sob a licença marítima da Guiana, na fronteira do território francês com o Brasil.

O Greenpeace já havia enviado uma equipe científica a bordo de um navio e, em meados de abril, disse ter descoberto na foz do Amazonas “a presença de uma formação de recifes composta de rodolitas no lugar em que a Total pretende perfurar poços de exploração de petróleo”.