08/12/2017 - 10:50
Para o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável pela Operação Lava Jato no Estado, o trabalho do seu colega curitibano, Sérgio Moro, é “árduo, difícil, muitas vezes não compreendido”. Ao discursar no 4º Evento Petrobras em Compliance, na sede da petroleira, no centro do Rio, Bretas disse ainda que “Moro tem se dedicado muito à Justiça Federal”.
Reiteradamente alvo de manifestações populares contrárias à sua atuação, Moro teve, nesta semana, um saia justa com o presidente Michel Temer, em evento em São Paulo. Temer, citado em delação à Lava Jato, se manteve sentado enquanto as demais pessoas presentes aplaudiam Moro.
A presença de Moro no evento da Petrobras gerou manifestações internas na empresa. Um grupo de empregados reunidos na Federação Nacional do Petroleiros (FNP) divulgou um manifesto no qual acusam o juiz de enfraquecer a estatal.
A visão de Bretas, no entanto, é de que “o trabalho a Justiça não destrói empresas e empregos. A Justiça contribui para a cultura da integridade e honestidade, que deve regular a sociedade”. Segundo ele, a Operação Lava Jato não segue causas políticas ou persegue políticos.
“A Justiça não está contra o Executivo ou Legislativo, mas contra malfeitos”. Disse também que a Petrobras não errou, “pessoas erraram”, e que “não há mais lugar para decisões políticas na madrugada e fora da agenda”
Em seu discurso, Bretas ainda criticou a existência dos paraísos fiscais. “Se não combatermos esse mal, vamos começar a ter contas offshore populares”, afirmou.
Ele ressaltou ainda que, hoje em dia, a sociedade se manifesta mais. “É muito importante que a sociedade se mobilize, que haja transparência. No mundo dos negócios, não há lugar para decisões em eventos fora de agenda. É preciso ter liberdade de imprensa”, acrescentou.
Em linha com o discursos de integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz convocou a população a ser criteriosa nas próximas eleições. “Todo trabalho que temos feito só terá validade se a população se preocupar mais na hora de votar. Vamos analisar os currículos, sejamos bons empregadores. No final das contas, é isso que somos”, afirmou. Nas empresas, defendeu a punição exemplar de funcionários que agirem irregularmente”.