Separadas ao longo da história por rivalidades praticamente irremovíveis, a França e a Inglaterra souberam esquecer suas divergências na moda masculina. O pivô do armistício atende pelo nome de Maison Dormeuil. Fundado em 1842 pelo francês Jules Dormeuil (1820-1873), em Paris, como importador de tecidos ingleses para abastecer os alfaiates da França, o  negócio deu tão certo que nas décadas seguintes a Dormeuil consolidou-se como um dos melhores e mais exclusivos fornecedores de tecido de roupas para homens no mundo. Uma excelência que já dura 170 anos e atravessou cinco gerações.

A tradição construiu a fama do nome Dormeuil, que virou referência entre os homens  abonados e de bom gosto. Depois que a maioria dos alfaiates aposentou as agulhas, a Maison passou a fornecer tecidos para as marcas de luxo, como a italiana Kiton e a Lanvin Paris. 

 

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Dominic Dormeuil investe US$ 1 milhão por ano em pesquisas para

desenvolver novas tecnologias em tecidos

 

Até mesmo as marcas femininas passaram a procurar a Dormeuil, que teve que adaptar sua fábrica, em Yokshire, na Inglaterra, para satisfazer as exigências de grifes como Chanel, Dior, Yves Saint Laurent e Prada.“Sinto como se a roupa tivesse alma e o nosso tecido também”, diz o CEO da marca, Dominic Dormeuil, 52 anos, trisneto do fundador. “É a combinação perfeita.”

 

Hoje a marca, que também comercializa gravatas (US$ 125), está presente em mais de 70 países. Dormeuil, que assumiu o comando da empresa em 1999, costuma brincar dizendo que onde se pode comprar uma Coca-Cola já é possível comprar um tecido Dormeuil. Mesmo que a relação de preço entre o refrigerante e as bem traçadas tramas da grife não seja muito próxima. O metro de um Dormeuil custa, em média, US$ 600. 

 

Para cada país é estudada uma estampa e uma trama que se enquadrem na cultura e se adaptem aos consumidores do lugar. “Em função dessa estratégia, anualmente investimos  US$ 1 milhão em pesquisa e desenvolvimento”, afirma. “Sempre na busca da melhor matéria-prima.” 

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Segundo Dormeuil, a lã utilizada na maioria de seus tecidos, sejam eles cardados (mais grossos), sejam penteados (mais leves), é extraída de ovelhas australianas e neozelandesas e seus fornecedores são criteriosamente escolhidos para manter a qualidade do fio. “Na Dormeuil tudo deve ser perfeito para se chegar à excelência.” 

 

Ao todo, são lançadas mais de quatro mil estampas diferentes a cada ano. Fazem parte do portfólio da marca, por exemplo, tecidos de nome pomposo, como Ambassador, o preferido de Dormeuil, e Vanquish II, o mais caro da atual coleção e resultado da mistura da lã da vicunha e do guanaco, animais dos Andes. “Temos clientes que fazem ternos com o Vanquish II que podem chegar a custar até E 150 mil, incluída a confecção,” diz. 

 

Em sua primeira visita ao País, no mês passado, além de anunciar a parceria exclusiva de venda com a Camargo Alfaiataria, de São Paulo, Dormeuil  apresentou um novo tecido, Amadeus 365, uma homenagem ao compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). “ Juntei a musicalidade do compositor com a leveza do tecido, que é muito adequado ao Brasil e pode ser usado todos os dias do ano”, diz Dormeuil.