06/10/2017 - 19:24
A verificação do inédito cessar-fogo fogo bilateral temporário entre o governo e a guerrilha ELN é mais complexa do que foi com as Farc, advertiu nesta sexta-feira a ONU.
Diferentemente dos cerca de 7.000 combatentes da ex-guerrilha que se concentraram em 26 zonas para o seu desarme, “estamos em uma situação onde não há separação de forças, onde cada força mantém o seu direito à mobilidade”, disse Jean Arnault, chefe da missão da ONU na Colômbia.
“Indubitavelmente o desafio da verificação neste caso é muito mais complicado do que pode ter sido com as Farc”, acrescentou Arnault em uma coletiva em Bogotá.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na quinta-feira que sua missão na Colômbia, que supervisiona a reinserção dos ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), agora convertidas em partido político, verifique também a trégua com o ELN, que negocia em Quito um acordo de paz com o governo de Juan Manuel Santos.
A trégua com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a primeira bilateral desde a fundação do grupo guevarista em 1964, começou em 1º de outubro e terminará, a princípio, em 9 de janeiro.
Até o momento não foram reportados incidentes, embora na quinta-feira tenha sido revelado um comunicado do front de guerra ocidental do ELN que diz que “não encontra as condições que permitam o normal desenvolvimento dos planos durante o cessar” no departamento de Chocó, onde opera.
“Aumentaram a presença militar nas zonas de influência do ELN (…) para tirar vantagem militar”, advertiu em comunicado.
A missão estará agora a cargo de monitorar junto com a Igreja Católica e representantes de ambas as partes a trégua com o ELN, que tem 1.500 combatentes segundo os cálculos oficiais.
O mais tardar em uma semana, os observadores estarão mobilizados nos 33 municípios com maior presença do ELN para evitar confrontos armados, explicou à AFP o general salvadorenho José Villacorta, coordenador e porta-voz de observação da trégua.
A Colômbia quer superar mais de meio século de conflito armado, que além de guerrilhas envolve paramilitares e forças do Estado, com um balanço de 7,5 milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados.