Os juros futuros de médio e longo prazos fecharam a sexta-feira em baixa, enquanto as curtas ficaram estáveis. O mercado aproveitou uma “brecha” na pressão dos Treasuries para devolver uma pequena parte dos fortes prêmios acumulados em quatro sessões de avanço, num movimento técnico, uma vez que nada mudou nas preocupações com o cenário inflacionário global e que deve exigir mão firme dos bancos centrais. Dessa forma, os investidores buscaram algum respiro antes das reuniões do Copom, Federal Reserve e Banco da Inglaterra na semana que vem. No balanço da semana marcada pelo choque com os dados de inflação nos Estados Unidos, a curva local teve ligeiro ganho na inclinação, pelo avanço pouco mais acentuado da ponta longa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,23%, de 13,22% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,07% para 12,02%. Em ambos, houve avanço de cerca de 30 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira passada. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 11,70%, de 11,77% no ajuste da quinta, com alta de 41 pontos na semana.

Apesar dos dados positivos de atividade na China e de espaço para devolver prêmios, as principais taxas oscilaram praticamente o dia todo perto da estabilidade e quando se mexiam, era para cima, até porque a revisão da inflação na zona do euro confirmou o índice recorde de 9,1% anualizado em agosto.

Assim, o mercado de juros por aqui deixou para aparar possíveis excessos somente no fim do dia, alinhadas à trégua das taxas das T-Notes, sobretudo a de dois anos. “Até há espaço para a correção técnica, mas o fim de semana se avizinhando e as preocupações inflacionárias elevadas inspiram cautela”, afirmou o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio.

Para o Copom da próxima semana, a expectativa de 41 entre 50 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast é de manutenção da Selic em 13,75%, com as demais nove esperando alta de 25 pontos. Na precificação da curva, o quadro é um pouco mais apertado, com respectivas probabilidades de 60% e 40% aproximadamente.

Já para a reunião do Federal Reserve, na mesma quarta-feira, 21, do Copom, a expectativa majoritária é de nova elevação de 75 pontos-base no juro, mas não se descarta uma aceleração do ritmo para 100 pontos.

Conforme destaca a Renascença, a precificação para os Fed funds no final do ciclo de ajuste, que seria em março de 2023, no final da semana passada embutia uma taxa terminal de 4,01% e nesta sexta, de 4,41%. “Nesse sentido, a elevação dos yields nos EUA representou o principal fator de pressão altista sobre a curva de juros doméstica no período”, afirma o chefe da área de Estratégia da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein.