Mais de 50 milhões de italianos foram convocados às urnas neste domingo (25) para as eleições legislativas antecipadas marcadas por discussões cruciais, como economia, guerra na Ucrânia e futuro dos jovens.

– Um gigante industrial com pés de barro –

A Itália, que não conta com salário mínimo, é o único país europeu onde os salários foram reduzidos em -2,9% entre 1990 e 2020, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A redução se deve à falta de crescimento e à queda na produtividade.

A taxa de emprego das mulheres é de apenas 55,4%, diante a média de 69% na zona euro, com 74,6% na Alemanha, e 70%, na França.

O país ainda sofre o desnível entre o norte, rico e industrializado com uma rede bem-sucedida de pequenas e médias empresas, e o sul, pobre e com jovens emigrantes.

A taxa de desemprego na Itália é de 7,9%, significativamente maior em comparação com a zona euro, que estava em 6,6% no mês de julho.

A Itália está desmoronando sob uma dívida pública colossal, de mais de 2,7 bilhões de euros, quase o mesmo valor em dólar e cerca de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior proporção da zona euro atrás da Grécia.

– A sombra da Rússia –

Membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desde sua fundação, em 1949, a Itália abriga várias bases militares da organização em seu território. Em particular em Nápoles, Sigonella, localizada na Sicília, e Aviano, ao norte.

Historicamente, o país manteve boas relações com a Rússia, embora no início do ano tenha condenado fortemente a ofensiva russa na Ucrânia. Sob a liderança do primeiro-ministro de saída Mario Draghi, decidiu enviar armas para a Ucrânia, uma medida que dividiu os italianos.

Dois veteranos da política italiana, Matteo Salvini, de extrema-direita, e o magnata conservador Silvio Berlusconi, da coalizão favorita, de acordo com as pesquisas, são conhecidos por seus estreitos laços com o presidente russo, Vladimir Putin. Por conta disso, as sanções contra a Rússia estão entre as questões que dividem essa aliança.

Enquanto Salvini pressiona para que as sanções contra Moscou sejam amenizadas por considerá-las ineficazes e contraproducentes, Giorgia Meloni, sua companheira de coalizão e líder do partido pós-fascista Fratelli d’Italia (Irmãos de Itália), que domina as pesquisas, defende as sanções e o envio de armas para a Ucrânia.

A velha estratégia italiana de jogar em várias lados, com União Europeia, OTAN e Estados Unidos, enquanto mantém o diálogo com Putin, provavelmente será responsável pelo retorno do governo de direita.

– ‘Japão da Europa’-

Apelidada de “Japão da Europa”, a Itália é o país com a população mais velha da UE, com uma idade média de 47,6 anos, segundo dados do Eurostat.

Com uma taxa média de natalidade em 1,25 filho por mulher em 2021, combinada com uma expectativa de vida crescente, em 82,4 anos, a península poderia registrar uma notável queda em sua população de 60 milhões para 47,6 milhões de habitantes em 2070, uma perda de 20%.

O país também deve lidar com uma “fuga de cérebros”, com seus jovens indo trabalhar no exterior.

Segundo a Istat, este fenômeno terá “consequências no mercado de trabalho e na futura programação econômica” e põe em perigo o “nível atual de bem-estar” do país, ou seja, o financiamento de seu sistema de pensões e sua cobertura de saúde.