25/08/2001 - 7:00
A sombra de uma união entre os grandes da Alemanha começou a assombrar o setor financeiro na Europa. Deutsche Bank, Dresdner e Commerzbank, três dos quatro gigantes que lideram o ranking de seu país, deram um passo à frente para fundir pela primeira vez uma de suas atividades. O acordo vai começar pela área de crédito habitacional. As unidades de financiamento imobiliário dos três bancos unidas resultarão em
uma companhia de US$ 216 bilhões de ativos, cinco vezes maior
do que o maior banco privado brasileiro, o Bradesco. O principal executivo do Commerzbank, Klaus-Peter Mueller, disse que espera
a fusão até o fim do ano.
Ficou no ar, porém, a possibilidade de as conversas entre os três grandes chegarem um pouco mais longe. Os três negociam a união também das áreas de suporte burocrático e técnico a suas operações bancárias, conhecidas como back office. É um setor que os bancos costumam proteger com mil cuidados, como forma de garantir a segurança e o sigilo de seus negócios. Mas, para os alemães, dar corda a desconfianças mútuas agora é o que menos importa. O objetivo comum é ganhar escala e reduzir despesas nas áreas de apoio, como forma de compensar os efeitos da queda dos mercados e o conseqüente declínio dos lucros.
O principal executivo do Deutsche, Rolf Breuer, foi a público conclamar seus parceiros a fundir negócios rapidamente. Revistas alemãs afirmam que ele quer mais. Sua instituição, líder do ranking, está de olho na compra do Commerzbank. Uma fusão não está fora dos planos de Mueller, do Commerzbank, mas ele diz que suas ações estão hoje muito baratas para permitir um acordo vantajoso. Sua cotação caiu quase 50% desde o pico, em março de 2000. Desde então, abriu conversas para alianças localizadas também com ABN, UniCredito, Royal Bank of Scotland e Societé Generale. Nesse período, Deutsche e Dresdner quase se fundiram por duas vezes, mas os acordos acabaram rompidos sempre na última hora.