Principais acontecimentos no Irã desde a morte, em 16 de setembro, da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini após a detenção pela polícia da moralidade em Teerã.

De acordo com a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, ao menos 448 pessoas, incluindo 60 menores de idade e 29 mulheres, morreram na repressão das manifestações após o falecimento da jovem.

O número inclui ao menos 128 pessoas que morreram desde 30 de setembro província de Sistão Baluchistão (sudeste), após manifestações que não estavam relacionadas com o movimento provocado pela morte de Mahsa Amini, mas que alimentaram a revolta contra o governo.

A Guarda Revolucionária informou que os protestos deixaram mais de 300 mortos.

O Conselho Supremo de Segurança Nacional, principal órgão de segurança do Irã, anunciou no sábado que o número de pessoas mortas nos protestos “supera 200”.

– Morre Mahsa Amini –

Mahsa Amini, 22 anos, morre no hospital em 16 de setembro, depois de alguns dias em coma. Ela foi detida três dias antes pela polícia da moralidade por supostamente não utilizar o véu da maneira correta.

– Onda de manifestações –

Amini é sepultada um dia depois na cidade natal de Saqqez, na província do Curdistão (oeste). As forças de de segurança dispersam um protesto com gás lacrimogêneo.

Muitas personalidades expressam indignação nas redes sociais. Em 20 de setembro, um parlamentar iraniano, em declarações incomuns, critica a polícia da moralidade e afirma que esta “não consegue nenhum resultado, exceto prejudicar o país”.

Nos dias seguintes acontecem manifestações em cidades como Teerã e Mashhad. Imagens nas redes sociais mostram mulheres queimando seus véus.

– Instagram e WhatsApp bloqueados –

Em 22 de setembro, as autoridades bloqueiam o acesso ao Instagram e ao WhatsApp, os dois aplicativos mais utilizados no Irã.

Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia anunciam sanções econômicas contra a polícia da moralidade e várias autoridades das forças de segurança iranianas.

– Contramanifestações-

Milhares de pessoas atendem a um apelo das autoridades e defendem, no dia 23 de setembro, o uso do véu nas ruas.

No dia 25, o presidente ultraconservador Ebrahim Raisi pede às forças de segurança que atuem com “firmeza” contra os manifestantes.

No dia 28, a família de Amini apresenta uma ação contra os “autores de sua detenção”.

– Khamenei acusa EUA –

Em 2 de outubro, confrontos violentos são registrados em Teerã entre estudantes e as forças de segurança na Universidade de Tecnologia Sharif, a mais importante do país.

Uma semana depois, várias estudantes do Ensino Médio protesta, tiram os véus e gritam frases contra o regime.

O guia supremo Ali Khamenei acusa Estados Unidos, Israel e seus “agentes” de fomentar os protestos.

– Greves –

Em 10 de outubro, a mobilização chega ao setor de petróleo, com greves e passeatas em várias cidades.

No dia 12, advogados se unem aos protestos, com o lema dos manifestantes “Mulher, vida, liberdade”, em Teerã. Comerciantes, operários, estudantes e professores também aderem às manifestações.

– Repressão do luto –

No dia 26, as forças de segurança atiram contra manifestantes reunidos na cidade natal de Amini, segundo a ONG Gengaw, com sede na Noruega.

Milhares de pessoas comparecem a uma cerimônia que marca o fim do luto tradicional de 40 dias.

– Sentença de morte –

Um tribunal de Teerã anuncia em 13 de novembro a primeira sentença de morte contra uma pessoa acusada de participar nos “distúrbios”.

Em 21 de novembro, os 11 jogadores da seleção do Irã não cantam o hino nacional antes da primeira partida na Copa do Mundo do Catar (derrota de 6-2 para a Inglaterra).

Os jogadores cantam o hino nas partidas contra País de Gales (vitória de 2-0) e Estados Unidos (derrota de 1-0).

No dia 24, a ONU abre uma investigação sobre a repressão.

– Dissolução da polícia da moralidade –

Em 3 de dezembro, as autoridades anunciam uma revisão da lei de 1983 sobre o uso obrigatório do véu.

O procurador-geral Mohammad Jafar Montazeri anuncia durante a noite que “a polícia da moralidade foi suprimida”.