Três palestinos morreram nesta quinta-feira (14) na Cisjordânia, onde Israel vem realizando “operações antiterroristas” há uma semana, após uma série de ataques sangrentos no coração de Tel Aviv.

O exército israelense lançou, no último sábado, uma ampla ofensiva na Cisjordânia para cercar os suspeitos vinculados a quatro ataques anti-israelenses, que deixam 14 mortos desde 22 de março.

Em confrontos nesta quinta-feira pela manhã, “dois jovens morreram de ferimentos causados em um ataque israelense no distrito de Jenin” no norte da Cisjordânia, disse o Ministério da Saúde palestino em comunicado.

Horas depois, o ministério anunciou a morte de um terceiro palestino de 45 anos, pai de seis filhos, que foi “gravemente ferido por balas israelenses” na quarta-feira em Beita, ao sul de Naplusa. Segundo fontes locais, a vítima se chamava Fawaz Hamayel.

Por sua vez, o exército israelense indicou que continua com suas “operações de contraterrorismo” na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, mas não comentou sobre as duas vítimas desta quinta-feira mencionadas por fontes palestinas.

“Durante a operação, dezenas de palestinos atacaram violentamente os soldados, dispararam contra as forças (israelenses) e lançaram explosivos contra eles, colocando em risco sua segurança”, disse o exército à AFP, acrescentando que “os soldados responderam com balas reais”.

Segundo fontes locais, os dois palestinos mortos foram Mustafa Abu Al Rub e Shaas Kamamji, irmão de Ayham Kamamji, membro da Jihad Islâmica que fugiu de uma prisão de segurança em Israel em setembro com outros cinco detidos, antes de ser capturado.

Esta escalada de violência ocorre em pleno Ramadã, importante festividade do islã, e às véspera da Páscoa judaica na sexta-feira, que também coincide com a Semana Santa dos cristãos, o que atiça as tensões nos locais sagrados de Jerusalém.

Nesta quinta, Israel anunciou o fechamento das passagens fronteiriças que separam Israel da Cisjordânia ocupada e da Faixa de Gaza a partir da sexta-feira. O fechamento é efetivo durante duas noites, as primeiras da Páscoa judaica, e poderia se prolongar até o final dos oito dias da celebração.

– Mártires –

Na quarta-feira, o ministro da Segurança Interna israelense, Omer Bar-Lev, falou sobre as operações em Jenin, prometendo que sua “intensidade só aumentará”.

No mesmo dia, um advogado e dois jovens palestinos morreram na Cisjordânia.

Em um comunicado, a Jihad Islâmica, principal movimento islamita armado depois do Hamas, qualificou os dois jovens palestinos de “mártires heroicos”.

Um deles, Amer Elyan, de 18 anos, foi levado nesta quinta-feira ao cemitério de Silwad, ao norte de Ramallah (centro) por uma multidão, e foi sepultado envolto em uma bandeira palestina.

“O único desejo do meu filho, como o de toda a sua geração, era se tornar um mártir porque não veem futuro, nem horizonte político para eles”, declarou à AFP seu pai, Mohamad.

Desde 22 de março, Israel sofreu um total de quatro ataques, os dois primeiros perpetrados por árabes israelenses ligados à organização jihadista Estado Islâmico (EI) e os dois últimos por palestinos da região de Jenin. Os ataques deixaram um total de 14 mortos.

Durante o mesmo período, as forças israelenses mataram 20 palestinos, incluindo os agressores, de acordo com uma contagem da AFP.

– “Derrotar o terror” –

O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, disse que deu sinal verde às forças armadas para “derrotar o terror” na Cisjordânia, alertando que não haverá “limites” para esta guerra.

Por sua vez, o primeiro-ministro palestino, Mohamad Shtayeh, acusou soldados israelenses na quarta-feira de “matar por matar, sem a menor consideração pelo direito internacional”.

Segundo fontes palestinas, as forças de segurança israelenses detiveram mais de 200 palestinos desde o início de abril, metade deles nos últimos seis dias.

Essa escalada de violência ocorre no auge do Ramadã, um importante feriado islâmico, e na véspera da Páscoa na sexta-feira, que também coincide com a Semana Santa para os cristãos, alimentando as tensões em locais sagrados em Jerusalém.

No ano passado, durante o Ramadã, fortes tensões em Jerusalém provocaram um confronto armado de 11 dias entre Israel e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.