Conhecido como “ouro branco”, o lítio é um ingrediente essencial na fabricação de baterias de carros elétricos para, assim, distanciar-se dos combustíveis fósseis e tentar salvar o planeta da mudança climática, mas sua extração exige muita água e energia.

Inflamável e até explosivo quando exposto ao ar e à água, o lítio puro não existe livre na natureza. Está disperso em rochas, argila e, sobretudo, salmoura, uma “sopa” de sais.

É por isso que sua extração pode levar mais de um ano e requer milhões de litros de água doce todos os dias, um recurso cada vez mais escasso.

Atualmente, o lítio é obtido de rochas, ou por evaporação de salmoura em piscinas.

– Minas de rocha dura –

O principal tipo de tratamento do lítio se divide entre a Austrália, o maior produtor mundial graças às suas minas de rocha dura, e a China, líder em refino do metal branco.

O primeiro passo após a extração das rochas dos depósitos é triturá-las e adicionar água para formar uma pasta que é colocada em um tanque, onde o ar é bombeado para que o lítio flutue, formando uma espuma.

A partir daí, obtém-se um pó de lítio concentrado, mas impuro, que deve ser refinado. Para isso, o “método comum” é aquecê-lo a cerca de mil graus antes de remover as impurezas, usando produtos químicos e água, segundo artigo publicado em 2020 pela revista especializada Minerals Engineering.

Além de ser caro, devido à sua alta demanda de energia, esse processo com uso intensivo de água e ácido não é amigável ao meio ambiente.

– Piscinas no deserto –

O segundo se dá nos desertos de sal nos países do Triângulo do Lítio: Argentina, Bolívia e Chile. A maior parte do “ouro branco” identificado na Terra está ali, dissolvido em uma mistura de água e sais.

Esta receita envolve bombear a salmoura das profundezas e colocá-la em piscinas gigantes. À medida que a água evapora, os sais se separam e caem no fundo após “12, 14, 16 meses”, dependendo do sol, do vento e da chuva, explica Corrado Tore, hidrogeólogo da empresa chilena de lítio SQM.

O líquido resultante é transferido para uma usina química de onde sairá como carbonato, ou hidróxido de lítio, os produtos preferidos pelos fabricantes de baterias.

Embora mais barato, esse método é lento e também requer muita água.

No Chile, por exemplo, as duas empresas que exploram lítio chegam a usar 263,5 litros por segundo entre elas.

– O futuro –

Conhecidas como “extração direta”, várias técnicas em desenvolvimento podem acelerar a extração de lítio e reduzir sua pegada ecológica.

Uma delas poderá permitir que o metal seja separado da salmoura como faria um ímã, algo que evitaria “possível contaminação e alto consumo de água” pelos métodos tradicionais, segundo nota do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA divulgada em 2021.

Nenhuma dessas novas receitas foi implementada em larga escala ainda, e os métodos tradicionais continuam na liderança, por enquanto.