10/05/2006 - 7:00
Uma gigantesca letra ?i? colada na lateral de um hotel de São Paulo, na madrugada de 1º de maio, marcou o desembarque da cadeia gaúcha Intercity na cidade, o mais importante mercado do setor no Brasil. Até um dia antes, o empreendimento ostentava a bandeira Blue Tree. ?O hotel dormiu Blue Tree a acordou InterCity?, comemora Gilmar Amicci, diretor de operações e desenvolvimento da rede gaúcha. A ?troca de bandeira? não se resumiu à fachada do prédio. Ao longo da noite, um grupo de funcionários se desdobrava para trocar roupa de cama, plaquetas de identificação em portas e elevadores, além de mimos como escova de dente, touca de banho, sabone, canetas e blocos de anotação. Tudo com o logotipo do InterCity. Apesar de novata no ramo, a InterCity já tem história para contar. Ela possui uma rede de 11 hotéis que totalizam um patrimônio de R$ 250 milhões e garante receita anual de R$ 40 milhões. Com a estréia em São Paulo, a companhia fundada pelo empresário Alexandre Gehlen, passará a administrar cinco hotéis de terceiros (seis são próprios). Essa atividade já colabora com 35% de suas receitas. ?Já temos condições de competir em pé de igualdade com qualquer bandeira?, garante Amicci. Segundo o executivo, existem mais de 20 propostas em análise, muitas em São Paulo. ?Devemos ter novidades até o final do ano?, diz ele.
Mais que um hotel, o prédio em Moema (bairro nobre da capital paulista, onde foi colado o ?i? e as demais letras que formam o nome da rede gaúcha) representa a ponta-de-lança da estratégia desenhada por Gehlen. Depois de investir R$ 65 milhões na construção de seis hotéis ? o primeiro deles foi erguido em Gravataí (RS) em 1999 ?, ele parte para a briga com a francesa Accor, a espanhola Meliá e a americana Atlantica Hotels, além de compatriotas como a rede Blue Tree. As armas da InterCity para vencer em um mercado bastante disputado, como São Paulo, é sua fórmula de gestão denominada ?hotelaria inteligente?. ?Esse conceito inclui custos operacionais menores, além de serviços feitos sob medida para viajantes de negócios?, diz Sérgio Bueno, gerente de novos negócios da InterCity. Na rede gaúcha ninguém paga para usar o business center. A conexão à internet banda larga nos quartos e no lobby, via sistema WI-FI, também não é tarifada. E o café da manhã está incluído na diária. ?Mesmo assim, nossas tarifas são competitivas em relação aos concorrentes na mesma categoria?, diz Marcelo Marinho, gerente de marketing corporativo da rede gaúcha. O segredo está em uma estrutura enxuta, baseada na centralização de serviços (contabilidade, processamento de dados, reservas, entre outros) na matriz, em Porto Alegre. Apenas no desenvolvimento desses sistemas foram gastos R$ 5 milhões ?Todos os nossos hotéis estão interligados on line. Com isso, podemos trabalhar com um quadro de pessoal reduzido?, exemplifica Vinícius Azevedo, gerente geral corporativo da InterCity. Itens, sem dúvida, importantes em um segmento competitivo e que atua com margens reduzidas.
O consultor José Ernesto Marinho, presidente da BSH International, reconhece a força da InterCity mas ressalta que isso pode não ser suficiente. ?É preciso criar uma identidade própria que seja reconhecida e admirada pelos potenciais clientes?, avalia. A direção da InterCity diz que vem trabalhando fortemente nesse quesito. Apesar do padrão business do empreendimento paulista, a idéia é manter um ambiente despojado. Gravatas e tailleur vão dar lugar a jeans e camiseta. ?Vamos chamar os hóspedes pelo nome e tentar encantá-lo em todos os momentos?, explica o diretor Amicci.