14/10/2025 - 19:27
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu nesta terça-feira (14), perante Javier Milei, que a ajuda financeira à Argentina está vinculada ao resultado das eleições legislativas de 26 de outubro, que serão decisivas para o partido do presidente argentino.
A ajuda de US$ 20 bilhões (R$ 110 bilhões) na forma de um swap (troca de moedas) e a compra de pesos no mercado são resultado “do grande trabalho” de Milei desde que chegou ao poder, e não devem ser questionados pela oposição, advertiu Trump.
“Nossas decisões estão sujeitas a quem vencer as eleições, porque, se um socialista vencer, a sensação é muito diferente quanto a fazer o investimento”, explicou Trump, antes de um almoço com Milei. “Seus números nas pesquisas são bastante bons, mas acredito que ficarão ainda melhores depois disto”, acrescentou.
“Se não vencer, vamos embora”, afirmou Trump.
Milei se encontra em uma encruzilhada política antes das eleições legislativas. Minoritário no Congresso, seu partido precisa ganhar cadeiras para aprofundar suas reformas liberais e garantir a confiança dos mercados, mas não tem perspectivas de alcançar a maioria.
A linha de socorro entregue por Washington após quatro dias de negociações, na semana passada, serviu para “superar esse problema de liquidez que a Argentina tinha em decorrência dos ataques políticos que sofremos dos nossos opositores, que não querem que o país volte a abraçar as ideias de liberdade”, disse Milei.
– Manter-se firme –
Embora a receita de corte drástico dos gastos públicos tenha gerado superávit fiscal e evitado a hiperinflação, a situação financeira da Argentina permanece precária. O índice de preços ao consumidor dos últimos 12 meses acumula 31,8%, segundo dados oficiais publicados nesta terça-feira.
A ajuda bilionária pode servir para honrar os vencimentos da dívida. Além disso, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse publicamente que seu governo estaria disposto a comprar esses títulos argentinos nos mercados.
A Argentina já possui um crédito de US$ 20 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e um acordo de swap firmado com a China.
“A ajuda dos Estados Unidos não se baseia no encerramento do swap com a China”, afirmou Bessent. Trump expressou, no entanto, sua preferência por países aliados que evitem uma aproximação excessiva de Pequim.
“Meu conselho é se manter firme em seus princípios, porque tem razão e está mostrando isso”, comentou o presidente americano, ao lado de autoridades do seu governo, como o secretário de Estado, Marco Rubio, e o chefe do Pentágono, Pete Hegseth.
Pioneiro da fórmula “os Estados Unidos em primeiro lugar”, Trump tem o cuidado de retratar qualquer intervenção no exterior como algo que poderia beneficiar seu país.
“Queremos ajudar a Argentina, e também queremos ajudar a nós mesmos”, ressaltou o líder republicano, que horas antes voltou a Washington de uma cúpula no Egito que chefiou para selar um cessar-fogo entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas em Gaza.
“Graças à sua grande liderança, presidente Trump, conseguiram a paz no Oriente Médio”, disse Milei.
“Além disso, quero parabenizá-lo por este trabalho que é entender a ameaça que é o socialismo do século XXI em todo o mundo, em especial na América Latina”, acrescentou.
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, descartou no último domingo que seu país esteja caminhando para a dolarização. Questionado sobre esse tema, Trump respondeu: “Qualquer um que quiser fazer negócios com dólares terá vantagem sobre aqueles que não o fizerem.”
Após o almoço de trabalho, Milei assistiu à entrega na Casa Branca, em caráter póstumo, da Medalha da Liberdade ao ativista conservador Charlie Kirk, assassinado com um tiro durante um ato universitário em 10 de setembro em Utah.