23/01/2025 - 15:49
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou os empresários reunidos no Fórum de Davos a “produzir nos Estados Unidos”, alertando que, caso contrário, “terão que pagar tarifas” para vender seus produtos no país.
“Minha mensagem para todas as empresas do mundo é simples: venham fabricar seus produtos nos Estados Unidos e se beneficiarão de impostos entre os mais baixos do mundo. Mas, se não os produzirem nos Estados Unidos, e estão em seu direito, então, simplesmente, terão que pagar tarifas”, declarou Trump por videoconferência.
A declaração de Trump, apenas algumas horas depois de um discurso do presidente argentino Javier Milei, foi recebida com fortes aplausos e transmitida em um telão na principal sala do centro de congressos de Davos, nos Alpes suíços.
A participação do presidente americano era muito esperada após uma série de decretos que assinou desde que retornou ao poder. Centenas de pessoas estavam fazendo fila para entrar na sala 45 minutos antes do início da sessão, constatou um jornalista da AFP.
O presidente dos Estados Unidos aproveitou a oportunidade em Davos para relembrar seus planos de redução de impostos e sua luta contra a migração irregular.
Durante o discurso, Trump também pediu à Arábia Saudita e à Opep a redução do custo petróleo e afirmou que “se o preço estivesse mais baixo, a guerra entre Rússia e Ucrânia pararia imediatamente”.
O mandatário de 78 anos, respondeu depois a perguntas de vários executivos dos setores financeiro e energético.
Entre os presentes estavam a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, e o ex-enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry.
O francês Patrick Pouyanné, diretor-geral da gigante petrolífera TotalEnergies, Brian Moynihan, chefe do Bank of America, e Ana Botín, presidente do banco espanhol Santander, também assistiram ao discurso de Trump.
– Milei elogia Trump –
As elites reunidas em Davos aguardavam a intervenção de Trump com uma mistura de entusiasmo e preocupação.
O presidente americano repetiu sua intenção de impor tarifas contra alguns de seus principais parceiros comerciais, incluindo China, Canadá e México.
O dirigente republicano também intensificou a pressão sobre o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), ao exigir uma redução das taxas de juros “imediatamente”.
“Exigirei que as taxas de juros baixem imediatamente”, garantiu. “Da mesma forma, deveriam baixar em todo o mundo. As taxas de juros de todos os lugares deveriam nos seguir”, acrescentou.
A próxima reunião do Fed ocorrerá entre terça e quarta-feira e deve ser concluída com a manutenção das taxas no nível atual.
O presidente argentino, Javier Milei, também fez um discurso horas antes no fórum da cidade suíça, no qual denunciou “o vírus mental da ideologia woke”, que classificou como “a grande epidemia de nossa época que deve ser curada. É o câncer que deve ser extirpado”, afirmou.
Horas depois, Trump aproveitou o momento para lembrar que seu país só reconhece dois gêneros.
“Tornei oficial, e política oficial dos Estados Unidos, que só existem dois gêneros: homem e mulher”, destacou. As operações de reassociação de sexo “ocorrerão muito, muito raramente” no país, disse.
O mandatário ultraliberal argentino elogiou Trump e saiu em defesa de seu “querido amigo” Elon Musk, proprietário do X e da Tesla, que fez, durante a posse de Trump, um gesto que foi considerado por muitos como uma saudação nazista.
Musk “foi injustamente difamado pelo wokismo nas últimas horas por um gesto inocente que significa apenas (…) sua gratidão com as pessoas”, disse.
Milei também elogiou outros líderes com ideologias semelhantes à sua, como o salvadorenho Nayib Bukele, o israelense Benjamin Netanyahu, a italiana Giorgia Meloni e o húngaro Viktor Orbán.
“Lentamente foi se formando uma aliança internacional de todas aquelas nações que querem ser livres e que acreditam nas ideias da liberdade”, afirmou.