O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou os países ligados ao Brics com uma tarifa adicional de importação de 10%.

“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics será submetido a uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política. Obrigado pela atenção a este assunto!”, escreveu o republicano na rede Truth Social na noite deste domingo, 6.

Trump não esclareceu a referência às “políticas antiamericanas” em sua publicação.

O governo de Trump está tentando finalizar dezenas de acordos comerciais com uma ampla gama de países antes do prazo de 9 de julho para a imposição de “tarifas retaliatórias” significativas.

A ameaça de Trump ocorreu ao mesmo tempo em que ocorre a Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, que termina nesta segunda-feira, 7. No encontro, os países integrantes do bloco sinalizaram “sérias preocupações” com as medidas protecionistas e unilaterais de comércio, em referência à guerra tarifária deflagrada pelo presidente americano, sem citá-lo nominalmente.

Brics defende diplomacia multilateral

Com fóruns como o G7 e o G20 afetados por divisões e pela abordagem de “America First” do presidente dos EUA, o Brics está se apresentando como um refúgio para a diplomacia multilateral em meio a conflitos violentos e guerras comerciais.

Em uma declaração conjunta na abertura da cúpula do Brics no Rio de Janeiro, divulgada no domingo, o grupo alertou que o aumento das tarifas ameaça o comércio global, continuando sua crítica velada às políticas tarifárias de Trump.

O grupo original do Brics reuniu Brasil, Rússia, Índia e China em sua primeira cúpula em 2009. Posteriormente, o bloco acrescentou a África do Sul e, no ano passado, incluiu o Egito, a Etiópia, a Indonésia, o Irã e os Emirados Árabes Unidos como membros. A Arábia Saudita não aderiu formalmente, de acordo com fontes, enquanto outros 30 países expressaram interesse em participar do Brics, seja como membros plenos ou parceiros.

O ministro sênior da economia da Indonésia, Airlangga Hartarto, está no Brasil para a cúpula do Brics e deve ir aos EUA nesta segunda-feira para supervisionar as negociações tarifárias, disse uma autoridade à Reuters. O Ministério das Relações Exteriores da Índia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Em seu discurso de abertura da cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um paralelo com o Movimento dos Países Não-Alinhados da Guerra Fria, um grupo de nações em desenvolvimento que resistiam a se unir formalmente a qualquer um dos lados de uma ordem global polarizada.

“O Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado. Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”, afirmou.

As nações do Brics agora representam mais da metade da população mundial e 40% de sua produção econômica, observou Lula.

*Com informações da Reuters