12/07/2025 - 13:32
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, neste sábado (12), que imporá tarifas de 30% ao México e à União Europeia (UE), o que representa uma nova escalada em meio às negociações comerciais prévias à data limite de 1º de agosto.
O bilionário republicano justificou essas decisões, que entrarão em vigor em 1º de agosto, em cartas separadas publicadas em sua plataforma Truth Social, e citou o papel do México no tráfico de drogas para os Estados Unidos e um desequilíbrio comercial com a UE.
Ambos os parceiros criticaram duramente as novas tarifas.
O México as chamou de mais uma manifestação do “tratamento injusto” por parte dos Estados Unidos, enquanto a UE alertou que as novas tarifas poderiam interromper as cadeias de suprimentos, embora tenha insistido que seguiria com as negociações para chegar a um acordo com os Estados Unidos.
Desde que retornou à Casa Branca, em janeiro, Trump impôs tarifas abrangentes a aliados e concorrentes, o que agitou os mercados financeiros e aumentou os temores de uma recessão econômica global.
No entanto, seu governo está sob pressão para fechar acordos com diversos parceiros comerciais. Até o momento, as autoridades americanas divulgaram apenas dois acordos, com o Reino Unido e o Vietnã, além de tarifas recíprocas temporariamente mais baixas com a China.
– Contramedidas? –
As novas tarifas para o México são maiores do que a tarifa de 25% imposta por Trump no início deste ano, embora os produtos que entram nos Estados Unidos sob o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) estejam isentos.
“O México tem me ajudado a proteger a fronteira, MAS o que o México fez não é suficiente”, disse Trump em sua carta. “A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do México uma tarifa de 30% sobre os produtos mexicanos que entrarem nos Estados Unidos”, acrescentou.
O governo mexicano afirmou ter sido informado da decisão durante negociações realizadas nos Estados Unidos na sexta-feira. “Mencionamos na mesa que se tratava de um acordo injusto e que não concordávamos”, disseram os Ministérios da Economia e das Relações Exteriores mexicanos em um comunicado conjunto.
“O México já está em negociações” para chegar a um acordo sobre “uma alternativa” às tarifas “que proteja empresas e empregos em ambos os lados da fronteira”, acrescentaram os ministérios.
A taxa imposta à UE também é consideravelmente maior do que a tarifa de 20% anunciada por Trump para o bloco em abril.
“Impor tarifas de 30% sobre as exportações da UE interromperia cadeias de suprimentos transatlânticas essenciais, em detrimento de empresas, consumidores e pacientes em ambos os lados do Atlântico”, disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um comunicado em resposta à carta de Trump.
– Momento precário –
Desde o início desta semana, Trump enviou cartas para mais de 20 países informando-os sobre as tarifas que agora aplicará a cada um deles.
Uma autoridade dos EUA disse à AFP neste sábado que a isenção do T-MEC deve permanecer em vigor tanto para o México quanto para o Canadá, embora o presidente ainda não tenha tomado nenhuma decisão a respeito.
Bruxelas declarou, na sexta-feira, que estava disposta a chegar a um acordo com Washington para evitar o retorno das tarifas de 20%.
“Seguimos dispostos a continuar trabalhando em direção a um acordo antes de 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para preservar os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário”, acrescentou.
Essas tarifas de represália podem abranger produtos no valor aproximado de 21 bilhões de euros (cerca de US$ 24,5 bilhões ou R$ 136,8 bilhões), após Trump também ter imposto tarifas separadas sobre importações de aço e alumínio no início deste ano.
Essas novas sobretaxas estão suspensas até a próxima segunda-feira.
Em caso de retaliação europeia, Trump já anunciou que responderá na mesma moeda.
“Apesar de todos os avanços em direção a um acordo, essa ameaça demonstra que a UE está na mesma situação que outros países”, explicou Josh Lipsky, economista do Atlantic Council, à AFP.
Este é “um dos momentos mais precários da guerra comercial” em curso, afirmou.