20/11/2025 - 19:16
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta quinta-feira, 20, ampliando a lista de isenções da tarifa de 40% para incluir mais produtos agrícolas do Brasil, entre eles a carne bovina brasileira, o café, o suco de laranja e algumas frutas, em meio aos avanços nas negociações entre os dois países. Na prática, a decisão retira a sobretaxa de itens importantes para o setor exportador do país.
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O decreto também remove tarifas de 40% sobre as importações de peças de aeronaves brasileiras e várias frutas, como manga, coco, açaí e abacaxi.
O decreto vai afetar as importações dos EUA de produtos brasileiros a partir de 13 de novembro e poderá exigir o reembolso das tarifas já cobradas sobre esses produtos, de acordo com texto divulgado pela Casa Branca.
Na ordem executiva divulgada pela Casa Branca, Trump cita a conversa telefônica que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 3 de outubro, na qual os dois líderes concordaram em abrir as discussões sobre o tarifaço. Desde então, os progressos nas negociações eliminaram a necessidade de tarifar algumas importações agrícolas, de acordo com ele.
“Na medida em que a implementação desta ordem exigir restituição de tarifas cobradas, os reembolsos serão processados de acordo com a legislação aplicável e os procedimentos padrão da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (U.S. Customs and Border Protection) para tais restituições”, diz a ordem.
Em nota, o governo brasileiro que reitera sua “disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas”. E que seguirá mantendo negociações com os EUA para retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral.
A derrubada da taxa de 40% imposta pelo governo norte-americano a vários produtos agrícolas brasileiros é uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso.
O diálogo franco que mantive com o presidente Trump e a atuação de nossas equipes de negociação, formada pelo… pic.twitter.com/ipSlcGGIRT
— Lula (@LulaOficial) November 21, 2025
O documento brasileiro também aponta que a data de 13 de novembro coincide com o dia da última reunião entre o Ministro Mauro Vieira e o Secretário de Estado Marco Rubio em Washington.
Segundo o Planalto, o presidente Trump recebeu recomendações de altos funcionários do seu governo de que certas importações agrícolas do Brasil não deveriam estar mais sujeitas à tarifa de 40% em função do “avanço inicial das negociações” com o governo brasileiro.
No noite desta quinta-feira, Lula postou um vídeo nas redes sociais, falando direto do Salão do Automóvel, em que aparece ao lado do vice-presidente e ministro do Comércio, Indústria e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad comentando o decreto dos EUA. Lula esteve na companhia de Alckmin no Salão e agora segue com Haddad para a conferência do G20 na África do Sul.
O presidente diz que os dois são seus negociadores com o governo americano para discutir o comércio entre os dois países. “Eu acho Haddad, eu acho Alckmin, que o Trump deu um bom sinal. Então nós precisamos estar preparados, pois ele está convidado para vir ao Brasil quando ele quiser, e eu espero ser convidado para ir a Washington pra gente poder zerar qualquer celeuma comercial, política, entre Brasil e Estados Unidos”, disse o presidente antes de passar a palavra para Alckmin comentar.
Inicialmente, Lula abre o vídeo dizendo estar muito feliz com a notícia. “Eu acabo de receber uma notícia que me deixou feliz. Não tudo que eu quero, não é tudo que eu preciso, mas é uma coisa muito importante. Depois de um telefone de meia hora com o presidente Trump, depois do encontro na Malásia, o presidente Trump acaba de anunciar que vai reduzir vários produtos brasileiros que foram taxadas em 40%. Isso é um sinal muito importante para a relação civilizada que tem que ter Brasil e Estados Unidos”.
*Com informações de Reuters, Estadão Conteúdo e AFP
