O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou, nesta segunda-feira (11), as informações de que a gigante dos semicondutores Nvidia pagará aos Estados Unidos 15% de sua receita procedente das vendas de chips de Inteligência Artificial (IA) à China.

Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump argumentou que os chips H20 que a empresa venderá na China são “obsoletos”, apesar de terem sido recentemente alvo de restrições às suas exportações.

O republicano indicou que, para reverter estas limitações, concordou com a Nvidia sobre o formato do pagamento. “Se eu fizer isso, quero que nos pague alguma coisa como país, porque estou dando uma autorização. Apenas liberei para o H20”, afirmou.

A empresa com sede na Califórnia produz alguns dos semicondutores mais avançados do mundo, mas não pode enviar seus chips mais inovadores para a China diante das preocupações de Washington de que Pequim poderia utilizá-los para aprimorar suas capacidades militares.

A Nvidia desenvolveu o H20, uma versão menos potente de suas unidades de processamento para IA, sobretudo para exportar para a China.

Esse plano estagnou quando o governo Trump endureceu os requisitos de licenças de exportação em abril.

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, se reuniu na semana passada com o presidente americano em Washington e os dois concordaram em que a empresa repassaria parte de sua receita ao governo federal, um acordo inédito no mercado internacional de tecnologia, segundo noticiaram o Financial Times, a Bloomberg e o New York Times.

“Embora não tenhamos enviado o H20 à China durante meses, esperamos que as regras de controle de exportação permitam aos Estados Unidos competir na China e em todo o mundo”, declarou o porta-voz da companhia à AFP. A empresa não mencionou os 15% em sua resposta.

O funcionário acrescentou que os “Estados Unidos não podem repetir o caso do 5G e perder a liderança em telecomunicações” e reiterou que Washington pode determinar “o padrão mundial” para a IA se puder competir.

Os investidores acreditam que a IA transformará a economia global e a Nvidia, líder mundial na fabricação de chips essenciais para o setor, se tornou, em julho, a primeira empresa a atingir 4 trilhões de dólares (21,7 trilhões de reais) em valor de mercado.

A empresa está envolvida em tensões comerciais entre China e Estados Unidos, que competem pelo domínio na produção dos chips que impulsionam a IA.

– Restrições –

O governo dos Estados Unidos alega razões de segurança nacional para restringir os semicondutores que a Nvidia pode exportar para a China.

Depois da reunião de Huang com Trump, o Departamento de Comércio começou a conceder, na sexta-feira, licenças para a venda de chips, segundo relatos da imprensa.

A AMD, sediada no Vale do Silício, também pagará 15% de sua receita pelas vendas na China de seus chips MI308, anteriormente proibidos de serem exportados para o país, de acordo com a mídia americana. A empresa não respondeu aos pedidos de comentários.

O anúncio ocorre em meio a uma mudança na política tarifária dos EUA desde o retorno de Trump ao poder, impondo altas tarifas alfandegárias a muitos parceiros.

Uma tarifa de 100% sobre muitas importações de semicondutores entrou em vigor na semana passada, com exceções para empresas de tecnologia que anunciarem grandes investimentos nos Estados Unidos.

“A Nvidia e a AMD concordaram em ceder ao governo americano 15% do produto de suas vendas na China em troca das licenças de exportação, que valem ouro”, resumiu Stephen Innes, analista da SPI AM.