14/10/2020 - 18:50
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou duramente o Facebook e o Twitter por bloquear nas redes sociais links para um artigo do New York Post que expõe supostas negociações corruptas de seu adversário nas eleições de novembro, Joe Biden, e seu filho na Ucrânia.
O jornal afirma ter obtido um computador abandonado por Hunter Biden com provas do envolvimento do pai em negócios suspeitos na Ucrânia.
+ Em canais diferentes, Trump e Biden enfrentam eleitores na TV
+ Desigualdade de gênero se manifesta na tecnologia na América Latina
Joe Biden, ex-vice-presidente americano e candidato democrata à Casa Branca nas eleições de 3 de novembro, negou repetidamente qualquer envolvimento.
“Um e-mail incriminatório revela como Hunter Biden apresentou um empresário ucraniano ao pai vice-presidente”, diz a manchete do artigo.
Como a campanha de Biden negou qualquer envolvimento do candidato democrata com o empresário ucraniano suspeito, o Facebook e o Twitter impuseram restrições aos links para o artigo, dizendo que havia dúvidas sobre sua veracidade.
“Isso faz parte do nosso processo padrão para reduzir a disseminação de informações falsas”, justificou Andy Stone, porta-voz do Facebook.
O Twitter explicou que estava limitando a divulgação do artigo devido a dúvidas sobre “as origens do material” incluído na matéria.
As ações do Facebook e do Twitter provocaram indignação entre os republicanos contra o que chamaram de censura partidária.
Trump, que está atrás de Biden nas pesquisas a 20 dias da eleição presidencial, atacou os dois gigantes das redes sociais.
“É terrível que o Facebook e o Twitter retiraram o artigo dos e-mails incriminatórios relacionados ao ‘Sonolento’ Joe Biden e seu filho, Hunter, no @NYPost”, postou Trump no Twitter.
“É só o começo para eles. Não tem nada pior do que um político corrupto”.
– Computador abandonado –
O New York Post afirmou que o computador foi deixado por Hunter Biden em uma loja de conserto de computadores no estado de Delaware em abril de 2019.
O dono da loja, que não foi identificado, declarou ao jornal que, após a máquina ter sido dada como esquecida, uma cópia do disco rígido foi feita e o computador foi entregue a autoridades federais.
O dono da loja entregou um cópia do disco rígido a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado pessoal de Donald Trump, que o entregou ao jornal.
Embora a campanha de Biden não tenha negado a existência do computador ou a veracidade dos e-mails, Giuliani tem um histórico de espalhar desinformação sobre os Biden e a Ucrânia.
Em setembro, o Tesouro dos Estados Unidos disse que uma “fonte” com quem Giuliani se reuniu várias vezes, o político ucraniano Andrii Derkach, “é um agente russo em atividade há mais de uma década”.
O Post criticou o Facebook e o Twitter por ajudar a campanha eleitoral de Biden, dizendo que ninguém contestou a veracidade da história.
“O Facebook e o Twitter não são plataformas de mídia, são máquinas de propaganda”, escreveu em um editorial.
O senador republicano Josh Hawley, em uma carta ao criador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que a censura “aparentemente seletiva” “sugere parcialidade” por parte da rede social.
O artigo do Post é “claramente relevante para o interesse público” e revela “atividade potencialmente antiética de um candidato à presidência”, continuou.
– Negócios na Ucrânia –
“A censura do Twitter contra este artigo é bastante hipócrita, dada a sua disposição de permitir que os usuários compartilhem reportagens de fontes menos críticas de outros candidatos”, lamentou o senador republicano Ted Cruz em uma carta ao CEO do Twitter, Jack Dorsey.
O caso reascendeu as polêmicas dos últimos dois anos envolvendo Joe Biden, que, quando era responsável pela política do governo Obama na Ucrânia, adotou medidas para ajudar seu filho e a empresa de energia ucraniana Burisma, da qual Hunter Biden era membro do conselho.
Biden rejeitou repetidamente tais alegações. “Nunca falei com meu filho sobre seus negócios no exterior”, disse categoricamente o ex-vice-presidente em setembro de 2019.
A polêmica se baseia em um e-mail de abril de 2015, no qual Vadym Pozharskyi, um conselheiro da Burisma, agradece a Hunter por convidá-lo para uma reunião em Washington com seu pai.
Mas não houve indicação de quando a reunião foi agendada ou se aconteceu.
“Revisamos as programações oficiais de Joe Biden da época e nenhuma reunião, como alegado pelo New York Post, jamais ocorreu”, disse a campanha de Biden.
A campanha de Trump, que corre contra o tempo para reverter o cenário pessimista apresentado pelas pesquisas antes das eleições presidenciais de 3 de novembro, rapidamente divulgou um comunicado de campanha dizendo que os e-mails eram a prova de que Biden “mentiu para o povo americano” sobre os negócios de seu filho.