26/01/2005 - 8:00
Donald Trump, o magnata americano do setor imobiliário, tem um ego do tamanho do Empire State Building de Nova York. Misto de empresário com apresentador de televisão (ele comanda o programa O Aprendiz), costuma pôr o próprio nome em tudo que lhe pertence: Trump Tower, Trump Plaza, Trump Island. Até o avião particular e o helicóptero com espaço para 12 pessoas levam o nome do bilionário, cuja fortuna é estimada em US$ 2 bilhões. Há quem note nessa mania mera megalomania. Não é apenas isso. Ele sabe o que faz, sabe ganhar dinheiro e por isso não tem vergonha do exibicionismo ? ao contrário. A marca Trump é uma das mais fortes do mercado de construção civil nos EUA. Agora, além de aparecer nos arranha-céus de Manhattan, ela será vista também no Oriente Médio. O grupo Nakheel, um gigante dos Emirados Árabes, com projetos concluídos e em andamento avaliados em US$ 30 bilhões, assinou um acordo com o americano para construir empreendimentos em 20 países árabes com a marca Trump. O primeiro e mais impressionante deles será o The Palm Trump International Hotel and Tower, em Dubai, a ser erguido no The Palm, condomínio construído em alto mar. É uma obra faraônica. Terá o formato de uma tulipa, protegido por quatro pétalas colossais.
O investimento na construção é um mistério. O grupo árabe não abre os números envolvidos nesse negócio. Sabe-se, porém, que Trump não porá um tostão sequer no empreendimento. ?A marca Trump é sinônimo de propriedades de prestígio ao redor do mundo?, diz Ahmed Bin Sulayem, sultão e CEO do grupo Nakheel. ?Ela abrirá portas para nós?. Além desse projeto, os árabes pretendem erguer o The Trump Plaza and Marina Residences, um conjunto de residências de luxo também em Dubai. Com o prestígio do magnata americano ficará mais fácil vender a idéia para os endinheirados nos EUA e Europa, os lugares escolhidos para divulgar os projetos. Trump, fingindo distância e modéstia, assiste de camarote. ?Será uma grande oportunidade para elevar a marca Trump para uma base global?, reconhece o próprio. É uma mão de duas vias na qual todos ganham. ?A marca Trump atrai recursos?, diz José Roberto Martins, consultor especializado na avaliação de marcas.
Como um bom jogador, com a experiência de um self made man, dono de cassinos como o Taj Mahal em Atlantic City, Trump até agora tem ganho as suas apostas. Uma delas, o Villa Trump, um condomínio de luxo com uma área de 5 milhões de m², em Itatiba, no interior de São Paulo, ficará pronta em 2009. A um custo de
US$ 40 milhões, o empreendimento terá um campo de golfe oficial e, antes mesmo de sair do papel, já é visto como o mais refinado do País. O Villa Trump se dividirá em 500 casas e 500 terrenos com uma área de 3 mil m² cada a um custo estimado em R$ 600 mil. ?O nome Trump é o maior ativo do projeto?, diz Ricardo Bellino, fundador da Trump Realty Brazil, companhia que está a frente do negócio. Para ter certeza de que isso era verdade, os executivos da empresa encomendaram uma pesquisa qualitativa com empresários e executivos. ?A maioria ressaltou o nome do magnata como um diferencial?, diz Victor Foroni, CEO da Trump Realty Brazil. O bilionário americano, agora ?Trump das Arábias?, sabe disso e usa essa arma como poucos.
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US$ 30 bilhões é quanto os árabes estão investindo em Dubai. |