11/08/2025 - 18:22
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que estende a trégua tarifária com a China por mais 90 dias, informou uma autoridade da Casa Branca nesta segunda-feira, 11, faltando apenas algumas horas para que as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses voltassem a atingir taxas de três dígitos.
O decreto foi dado após Trump não responder a repórteres se estenderia as tarifas mais baixas, um dia depois de ter pedido a Pequim que quadruplicasse suas compras de soja dos EUA.
Uma trégua tarifária entre Pequim e Washington estava programada para expirar na terça-feira. O decreto impede que as tarifas dos EUA sobre os produtos chineses cheguem a 145%, com as tarifas chinesas sobre os produtos dos EUA chegando a 125%, taxas que teriam resultado em um virtual embargo comercial.
“Veremos o que acontece”, disse Trump em uma coletiva de imprensa, quando perguntado sobre como planejava estender o prazo. “Eles estão lidando muito bem. O relacionamento entre o presidente Xi (Jinping) e eu é muito bom.”
As importações da China estão atualmente sujeitas a tarifas de 30%, incluindo uma taxa básica de 10% e 20% em tarifas relacionadas ao fentanil impostas por Washington em fevereiro e março. A China acompanhou a redução, diminuindo sua taxa sobre as importações dos EUA para 10%.
Em maio, os dois lados anunciaram uma trégua em sua disputa comercial após conversações em Genebra, na Suíça, concordando com um período de 90 dias para permitir novas conversações. Eles se reuniram novamente em Estocolmo, na Suécia, no final de julho, mas não anunciaram um acordo para estender ainda mais o prazo.
Kelly Ann Shaw, uma autoridade comercial sênior da Casa Branca durante o primeiro mandato de Trump e atualmente na Akin Gump Strauss Hauer & Feld, disse que esperava que Trump estendesse a “détente tarifária” de 90 dias por mais 90 dias ainda nesta segunda-feira.
“Não seria uma negociação no estilo Trump se não fosse até o fim”, disse ela, acrescentando que Trump também poderia anunciar o progresso em outros aspectos da relação econômica como pano de fundo para conceder a prorrogação.
“O motivo da pausa de 90 dias, em primeiro lugar, foi estabelecer as bases para negociações mais amplas e houve muito barulho sobre tudo, desde a soja até os controles de exportação e o excesso de capacidade no fim de semana”, disse ela.
Ryan Majerus, ex-autoridade de comércio dos EUA e atualmente no escritório de advocacia King & Spalding, recebeu bem a notícia.
“Isso, sem dúvida, diminuirá a ansiedade de ambos os lados à medida que as negociações continuarem e que os EUA e a China trabalharem em direção a um acordo-quadro no outono (no hemisfério norte). Tenho certeza de que os compromissos de investimento serão levados em conta em qualquer possível acordo, e a prorrogação lhes dá mais tempo para tentar resolver algumas das preocupações comerciais de longa data”, disse ele.
A Casa Branca se recusou a comentar além das falas de Trump. O Departamento do Tesouro e o Escritório do Representante Comercial dos EUA não responderam aos pedidos de comentários.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que Washington tem condições de fechar um acordo com a China e que estava “otimista” com relação ao caminho a seguir.
Trump pressionou por concessões adicionais no domingo, pedindo à China que quadruplicasse suas compras de soja, embora os analistas tenham questionado a viabilidade de tal acordo. Trump não repetiu a exigência nesta segunda-feira.
Mas Washington também tem pressionado Pequim a parar de comprar petróleo russo, com Trump ameaçando impor tarifas secundárias à China.