“Cristãos, vão e votem, apenas esta vez. Vocês não vão precisar fazer isso novamente”, disse republicano em comício. Campanha de Kamala diz que fala mostra que Trump quer “acabar com a democracia”O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou alarme entre adversários e críticos ao afirmar a num comício dirigido a apoiadores cristãos que eles não precisariam mais votar no futuro caso ele seja eleito presidente em novembro.

“Cristãos, saiam e votem! Só desta vez – vocês não terão que fazer isso mais”, disse Trump na noite de sexta-feira (26/07) em um comício organizado pelo grupo cristão ultraconservador Turning Point Action em West Palm Beach, no estado da Flórida. “Querem saber de uma coisa? Tudo será consertado! Vai ficar tudo bem. Vocês não precisarão mais votar, meus lindos cristãos. Eu amo vocês. Saiam – vocês precisam sair e votar. Em quatro anos, vocês não precisarão votar novamente. Vamos consertar tudo tão bem que vocês não vão precisar votar”, completou.

Vídeos do discurso começaram a se espalhar nas redes sociais no sábado e inicialmente ganharam mais destaque na imprensa estrangeira. No mesmo evento, Trump também prometeu criar uma força-tarefa federal contra o que classificou de preconceito contra cristãos, assim como cortar o financiamento de escolas que “forçam o ensino da teoria crítica da raça, a insanidade dos transgêneros e outros conteúdos raciais, sexuais ou políticos inadequados para a vida de nossas crianças”.

Questionado sobre as falas de Trump, o porta-voz da campanha do republicano, Steven Cheung, minimizou o conteúdo argumentando que o candidato “estava falando sobre unir o país”.

Repúdio

Críticos de Trump apontaram que as falas de Trump no evento são mais uma prova de sua tendência autoritária e antidemocrática

A campanha da vice-presidente dos EUA e virtual candidata democrata, Kamala Harris, divulgou comunicado considerou que as palavras de Trump implicam na prática “uma promessa para acabar com a democracia”.

“Quando a vice-presidente Harris afirma que, nestas eleições, está em jogo a liberdade, ela o diz seriamente. A nossa democracia está sendo atacada pelo criminoso Donald Trump. Na última eleição que Trump perdeu, ele enviou uma turba para reverter os resultados”, disse a campanha de Harris, fazendo uma referência ao ataque contra o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

“Nesta campanha, ele prometeu violência caso perca, o fim das nossas eleições caso vença, e a anulação da nossa Constituição para permitir que ele seja um ditador e ponha em prática seu perigoso Projeto 2025”, continua o comunicado.

Numa entrevista à Fox News em dezembro, Trump afirmou que se ganhasse as eleições de 5 de novembro seria “um ditador”, mas apenas no “primeiro dia”, para fechar a fronteira sul com o México e expandir a perfuração de petróleo.

Em maio, em um comício organizado pelo grupo pró-armas Associação Nacional do Rifle (NRA), Trump também mencionou uma vontade de ficar na Presidência por mais de dois mandatos. “Sabe, FDR, 16 anos – quase 16 anos – ele teve quatro mandatos. Não sei, seremos considerados três mandatos? Ou dois?”, Trump perguntou à multidão na ocasião, provocando gritos de “três!”.

Ele se referiu à Presidência de Franklin D. Roosevelt (FDR), um democrata que ocupou a Casa Branca entre 1933 e 1945, o único presidente da história dos EUA a cumprir mais de dois mandatos. O limite de dois mandatos – consecutivos ou não – foi justamente imposto na Constituição após a Presidência de Roosevelt.

jps (Reuters, Lusa, ots)