28/11/2025 - 7:42
Em postagem nas mídias sociais, republicano acusou estrangeiros de serem risco à segurança e sobrecarga a serviços públicos no país. Governo também vai revisar status migratório de cidadãos de 19 países.O presidente dos EUA, Donald Trump , afirmou na noite desta quinta-feira (27/11) que planeja “pausar permanentemente” a imigração para os Estados Unidos originária de “países do terceiro mundo”, um dia após um afegão ter apontado como responsável por balear dois membros da Guarda Nacional em Washington – um deles morreu.
“Eu pausarei permanentemente a imigração de todos os países do terceiro mundo para permitir que o sistema americano se recupere totalmente”, escreveu o republicano nas redes sociais, usando um termo desatualizado e ofensivo para se referir a nações em desenvolvimento econômico.
Ele também ameaçou revogar “milhões” de vistos concedidos durante o governo de seu antecessor, Joe Biden, e “remover qualquer pessoa que não seja um ativo líquido para os Estados Unidos”.
Sua publicação, que terminou desejando um feliz Dia de Ação de Graças aos americanos, marca uma nova escalada nas políticas anti-imigração de seu segundo mandato, caracterizado por uma campanha de deportações em massa.
Morte de militar atacada
O presidente americano havia anunciado anteriormente a morte de Sarah Beckstrom, uma jovem de 20 anos membro da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, que foi atacada no dia anterior por um atirador perto da Casa Branca.
O ataque, descrito pelas autoridades como uma “emboscada”, teve como alvo dois soldados dessa unidade militar, destacada em Washington e outras cidades governadas por democratas como parte do controverso plano de Trump para combater o que ele considera crime desenfreado e violento.
Trump, aliás, relacionou o tiroteio à sua decisão de enviar centenas de soldados da Guarda Nacional para a cidade. “Talvez esse homem estivesse chateado porque não conseguia cometer crimes”, sugeriu.
As autoridades identificaram o suspeito como um afegão de 29 anos que trabalhou com as forças americanas em seu país durante a guerra contra o Talibã e se estabeleceu nos Estados Unidos em 2021, quando Washington retirou suas tropas do Afeganistão.
O FBI, por sua vez, iniciou uma investigação de terrorismo.
“Civilização Ocidental”
Em suas redes sociais, Trump acrescentou que acabará com todos os benefícios e subsídios federais para cidadãos não americanos e que irá “desnaturalizar os migrantes que prejudicam a tranquilidade interna e deportar qualquer estrangeiro que seja um encargo público, risco à segurança ou incompatível com a civilização ocidental”
“Esses objetivos serão perseguidos para alcançar uma redução significativa nas populações ilegais e problemáticas”, acrescentou o presidente.
“Somente a MIGRAÇÃO REVERSA pode resolver completamente essa situação”, declarou ele.
Joseph Edlow, diretor do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS), anunciou na quinta-feira que revisará o status imigratório de todos os residentes permanentes ou portadores de “green card” de 19 países.
Afeganistão, assim como Cuba , Haiti , Venezuela , Irã e Mianmar , estão na lista.
O governo Trump também ordenou a suspensão imediata do processamento de pedidos de imigração do Afeganistão .
O outro soldado ferido no ataque de quarta-feira, Andrew Wolfe, de 24 anos, “está lutando pela vida”, informou Trump na quinta-feira. O suspeito do tiroteio também está em estado crítico.
Motivo do ataque ainda é desconhecido
A procuradora dos EUA para o Distrito de Columbia, Jeanine Pirro, informou que o suspeito do ataque, Rahmanullah Lakanwal, morava no estado de Washington, do outro lado do país, e dirigiu até o local do tiroteio. Ele abriu fogo com um revólver Smith & Wesson calibre .357 contra um grupo de membros da Guarda Nacional que patrulhavam a poucos quarteirões da Casa Branca. As autoridades ainda não têm pistas sobre o motivo do ataque.
O diretor da CIA, John Ratcliffe, afirmou que o suspeito fazia parte de uma unidade de comandos apoiada pelos EUA que lutou contra o Talibã no Afeganistão e chegou aos Estados Unidos por meio de um programa de evacuação para afegãos que colaboravam com a agência.
Os chefes do FBI, da CIA e do Departamento de Segurança Interna, juntamente com outros altos funcionários nomeados por Trump, insistiram que Lakanwal chegou aos Estados Unidos sem supervisão devido às políticas de asilo frouxas após a retirada militar do Afeganistão ordenada pelo ex-presidente Joe Biden.
Mas a AfghanEvac, uma ONG que ajuda a estabelecer afegãos nos Estados Unidos, declarou que eles passam por “alguns dos processos de verificação de segurança mais rigorosos” do mundo. Lakanwal solicitou asilo nos Estados Unidos durante a presidência de Biden, mas seu pedido foi aprovado quando Trump já estava na Casa Branca, segundo o grupo.
“O ato isolado e violento desse indivíduo não deve ser usado como desculpa para definir ou menosprezar toda uma comunidade”, disse o presidente do grupo, Shawn VanDiver.
md (AFP, AP, Reuters, DPA)