29/09/2025 - 17:36
Presidente dos EUA anunciou plano de 20 pontos para acabar com a guerra no território palestino e adverte Hamas a aceitar termos.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (29/09) que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, concordou com seu plano de 20 pontos para encerrar o conflito na Faixa de Gaza. No entanto, não há certeza se o grupo palestino Hamas vai aceitar os termos.
A declaração foi feita por Trump em um pronunciamento à imprensa na Casa Branca ao lado de Netanyahu, após uma reunião entre os dois líderes.
“Quero agradecer ao primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu por concordar com o plano e por confiar que, se trabalharmos juntos, poderemos pôr fim à morte e à destruição que temos visto há tantos anos”, disse Trump. “Espero que cheguemos a um acordo de paz e, se o Hamas rejeitar o acordo, o que é sempre possível, eles serão os únicos que ficarão de fora, pois todos os outros o aceitaram, mas tenho a sensação de que teremos uma resposta positiva.”
“Apoio o seu plano para pôr fim à guerra de Gaza, que coincide com os nossos objetivos de guerra: devolverá a Israel os nossos reféns, desmantelará a capacidade militar do Hamas, acabará com o seu domínio político e garantirá que Gaza nunca mais represente uma ameaça para Israel”, afirmou Netanyahu no mesmo pronunciamento ao lado de Trump na Casa Branca, usando um tom mais comedido que o exibido na semana passada, na Assembleia Geral da ONU.
Se o Hamas concordar com o plano de paz, Israel retirará da Faixa de Gaza “por etapas”, indicou Trump.
“Em colaboração com a nova autoridade de transição em Gaza, todas as partes concordarão com um calendário para a retirada gradual das forças israelitas”, anunciou o presidente.
Pressão sobre o Hamas
Na mesma coletiva, Trump pressionou o Hamas a aceitar os termos. “Se o Hamas recusar o acordo… isso é possível, mas acho que eles aceitarão. Caso contrário, Israel terá meu total apoio para fazer o que for preciso para destruir o Hamas”, disse Trump.
Natanyahu argumentou na mesma linha. “Se o Hamas rejeitar o plano ou se eles supostamente aceitarem e depois fizerem tudo para o contrariar, então Israel terminará o trabalho sozinho. Isso pode ser feito do jeito fácil ou do jeito difícil, mas será feito”, disse Netanyahu.
No entanto, pouco depois, um representante do Hamas disse em entrevista à rede Al Jazeera, que o grupo ainda não recebeu nenhuma proposta oficial por parte do governo dos EUA.
O plano
O plano de 20 pontos estabelece que, com o acordo de ambas as partes, “a guerra terminará imediatamente”, com a retirada israelense programada para coincidir com a libertação dos últimos reféns mantidos pelo Hamas. Durante esse período inicial, haveria um cessar-fogo. Os pontos-chave incluem o envio de uma “força internacional temporária de estabilização” e a criação de uma autoridade de transição liderada por Trump.
O acordo exigiria que os terroristas do Hamas se desarmassem totalmente e fossem excluídos de futuros cargos no governo. No entanto, aqueles que concordassem com a “coexistência pacífica” receberiam anistia. Após a retirada israelense, as fronteiras seriam abertas para ajuda e investimento.
Em uma mudança crucial em relação aos objetivos aparentes anteriores de Trump, os palestinos não serão forçados a sair e, em vez disso, o documento afirma que “incentivaremos as pessoas a ficar e lhes ofereceremos a oportunidade de construir uma Gaza melhor”.
Nesta segunda-feira, Netanyahu destacou que o plano americano coincide com os cinco princípios que o seu governo estabeleceu para pôr fim à ofensiva no enclave palestino.
Estes princípios, de acordo com ele, são a libertação dos reféns, o desarmamento do Hamas, a desmilitarização de Gaza, o controle israelense sobre a segurança do enclave e um governo para a Faixa do qual o Hamas não faça parte. O primeiro-ministro afirmou também que a Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia, não pode ter papel no futuro de Gaza sem antes ser submetida a uma “reforma radical”.
Por sua vez, Trump detalhou que pretende reservar para si o papel de chefe de um “Conselho da Paz”, que incluirá também o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Esse órgão será responsável por supervisionar o futuro governo de Gaza, formado por “tecnocratas palestinos”.
Guerra prestes a completar dois anos
O conflito em andamento em Gaza foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, após um amplo ataque terrorista lançado pelo Hamas, que matou 1.200 pessoas em Israel e ainda resultou no sequestro de 251.
Israel respondeu com uma pesada retaliação, que deixou pelo menos 66.055 mortos, na maioria civis, e 168.346 feridos, além de milhares de desaparecidos, segundo números das autoridades locais de Gaza, que a ONU considera fidedignos.
A ONU declarou ainda que o território onde vivem de 2,1 milhões de pessoas passa por uma grave crise humanitária e uma “situação de fome catastrófica”.
Em 2025, uma comissão especial da ONU afirmou que ações israelenses em Gaza “configuram genocídio”, uma constatação também denunciada por países como a África do Sul junto ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
Atualmente, também está em curso uma ofensiva israelense na cidade de Gaza, que ocorre junto com uma deslocação forçada dos habitantes.
jps (ots, EFE, AFP, Lusa)