Casa Branca vai revogar status de 500 mil imigrantes de quatro países da América Latina e do Caribe que haviam entrado legalmente nos EUA para trabalhar por até dois anos.O governodo presidente Donald Trump anunciou na sexta-feira (21/03) que revogará o status legal de centenas de milhares de cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos nos EUA, encerrando um programa da era Biden que permitia a centenas de milhares de pessoas desses quatro países da América Latina e do Caribe entrarem legalmente nos EUA e trabalharem por até dois anos.

Após retornar à Casa Branca, Trump prometeu realizar a maior campanha de deportação da história dos EUA e coibir a imigração, principalmente de latino-americanos.

A ordem afeta cerca de 532.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que chegaram aos Estados Unidos sob o plano lançado em outubro de 2022 pelo antecessor de Trump, Joe Biden, e ampliado em janeiro do ano seguinte.

Agora, eles perderão sua proteção legal 30 dias após o Departamento de Segurança Interna publicar a ordem no Registro Federal, o que deve ocorrer na terça-feira.

Portanto, os migrantes afetados pela medida terão que deixar os Estados Unidos até 24 de abril, a menos que tenham obtido outra autorização de residência.

Impacto

A Welcome.US, ONG que ajuda pessoas a buscar refúgio nos Estados Unidos, aconselhou os afetados pela medida a procurar aconselhamento jurídico imediatamente.

O programa humanitário para cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, conhecido como CHNV, em referência às iniciais dos países, permitiu que até 30.000 imigrantes por mês dos quatro países entrassem nos EUA durante dois anos. O programa oferecia aos interessados desses país a oportunidade de voar para os Estados Unidos e obter rapidamente uma autorização de trabalho, desde que passassem por verificações de segurança e tivessem um patrocinador financeiro.

Biden impulsionou o plano como uma maneira “segura e humana” de aliviar a pressão na movimentada fronteira EUA-México.

Na terça-feira, no entanto, o Departamento de Segurança Interna, agora sob Trump, anunciou que o plano era “temporário”.

A advogada especialista em imigração Nicolette Glazer disse que a ordem afeta a “ampla maioria” do meio milhão de imigrantes que entraram nos Estados Unidos pelo CHNV.

“Apenas 75.000 pedidos de asilo afirmativo foram protocolados, então a grande maioria dos imigrantes do CHNV ficará sem status, sem autorização de trabalho e sujeitos à expulsão”, escreveu ela na rede social X. “O caos será inacreditável”.

A diretora do grupo de direitos dos imigrantes Justice Action Center, Karen Tumlin, criticou o governo Trump por “romper um compromisso que o governo federal assumiu com centenas de milhares” de migrantes.

“Revogar o status legal de centenas de milhares de beneficiários do CHNV causará caos e sofrimento desnecessários às famílias e comunidades em todo o país”, explicou.

No último fim de semana, Trump invocou uma lei do século 18, usada anteriormente apenas em tempos de guerra, para transportar de avião mais de 200 supostos membros de uma gangue venezuelana para El Salvador.

jps (AFP, ots)