O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu evitar seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (30) na Cúpula do G20 em Buenos Aires, mas não pôde escapar da polêmica sobre a suposta interferência da Rússia na campanha presidencial de 2016 nos EUA.

Um encontro entre Trump e Putin estava previsto à margem do G20, mas a reunião foi descartada na quinta-feira, sob a alegação de que diante da crise entre Rússia e Ucrânia “seria melhor para todas as partes envolvidas cancelar”.

No domingo, a Rússia capturou três barcos militares ucranianos no Mar de Azov.

Mas os 20 chefes de Estado e de Governo participaram de um almoço e de outras atividades, apesar do cuidado de Trump de ficar distante de Putin na chamada “foto de família” da Cúpula.

Perguntado posteriormente se trocaria algumas palavras com Putin, o presidente americano respondeu: “Não especialmente. Não sei”.

– Sob investigação –

A investigação do procurador-especial Robert Mueller sobre se a equipe de campanha de Trump em 2016 tentou obter informações dos russos para prejudicar a candidata democrata Hillary Clinton e se Trump tentou obstruir ilegalmente o caso parece estar chegando a seu apogeu.

Michael Cohen, ex-advogado de Trump, se declarou culpado na quinta-feira em um tribunal federal de Nova York de mentir ao Congresso em um depoimento no qual afirmou que um projeto imobiliário entre o Grupo Trump e Moscou havia sido arquivado em janeiro de 2016, antes das primárias para a presidência dos EUA.

Trump reagiu irritado no Twitter. “Apenas avaliei a opção de construir um prédio em algum lugar da Rússia. Teve zero dinheiro, zero garantias e não fiz o projeto. Caça às bruxas!” – tuitou o presidente em Buenos Aires.

“Contra todos os prognósticos, decidi me candidatar à presidência e seguir com meu muito legal e muito bom negócio, algo do que tratei durante a campanha”, recordou o presidente.

A porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders declarou que a investigação “provavelmente minará nossa relação com a Rússia”, mas garantiu que o cancelamento da reunião entre Trump e Putin se deve exclusivamente a questão da Ucrânia.

Ao contrário de seu testemunho original, Cohen garantiu que o projeto imobiliário com os russos foi discutido várias vezes após janeiro de 2016, e que as tentativas de se obter a aprovação de Moscou permaneceram até junho do mesmo ano.

Cohen disse que inclusive avaliou viajar à Rússia para discutir o projeto e que em maio de 2016 recebeu uma oferta para conhecer o presidente russo ou o primeiro-ministro.

Semanas depois, em julho, Trump foi indicado como candidato republicano à presidência.