O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira que era um “momento muito triste”, depois que seu governo desistiu de apresentar uma questão polêmica sobre nacionalidade no censo populacional de 2020.

A decisão, anunciada na própria terça, foi uma vitória aos críticos do presidente, que argumentavam que a questão poderia levar à discriminação de minorias ou minimizar a população de origem imigrante. E se deu depois que a Suprema Corte se pronunciou dizendo que o caso montado para defender a inclusão da questão não era convincente.

“Um momento muito triste para os Estados Unidos quando a Suprema Corte não permite questionar se ‘Esta pessoa é um cidadão dos Estados Unidos?’ seja incluída no censo de 2020!”, tuitou o presidente.

Trump acrescentou que pediu aos departamentos de Comércio e Justiça “para fazer o que fosse necessário para trazer essa questão vital, e este caso tão importante, para um resultado bem-sucedido”.

A reação inicial de Trump à decisão da Corte foi solicitar que a impressão iminente dos formulários do censo fosse atrasada, para dar tempo para um novo recurso. Mas essa tentativa foi abandonada, o que acaba com a possibilidade de mudar o formato da pesquisa que é feita a cada 10 anos.

“Estamos satisfeitos que (os formulários) do censo de 2020 vão começar a ser impressos sem a questão da nacionalidade”, disse Letícia James, procuradora-geral do estado de Nova York, que atacou o governo junto com outros estados.

Até segunda-feira, Trump defendeu sua posição desafiadora, dizendo que queria saber quem era um cidadão “em vez de um ilegal”.

Os opositores argumentaram que a questão, que não era incluída desde 1950, levaria muitos a não responder por medo de serem afetados pela investida do governo Trump contra a imigração ilegal.

Tal situação os teria tornado invisíveis, alteraria a contagem da população e resultaria em menos recursos oficiais para as áreas em que vivem, ao mesmo tempo que afetaria o número de assentos em cada estado na Câmara de Representantes, que se baseia no número de moradores.

Segundo Joe Biden, um dos mais proeminentes democratas que busca enfrentar Trump nas eleições presidenciais do ano que vem, essa era a intenção final do governo.

“Não se enganem, o governo Trump acrescentou a questão da cidadania ao censo para deliberadamente cortar as vozes dos imigrantes e das comunidades de cor”, tuitou o ex-vice-presidente.

Especialistas do departamento de recenseamento disseram que entre 1,6 e 6,5 milhões de imigrantes, especialmente hispânicos, teriam evitado a pesquisa ou mentido se enfrentassem uma questão de nacionalidade.