O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira, 13, que os países do Brics podem enfrentar tarifas de 100% dos Estados Unidos “se quiserem brincar com o dólar”.

“Se alguma negociação for aprovada, a tarifa será de 100%, no mínimo”, disse ele em resposta a uma pergunta sobre os países do Brics criarem sua própria moeda.

Moeda Brics

O Brasil não vai usar sua presidência do Brics em 2025 para propor uma moeda comum do grupo, mas terá como prioridade a interligação de sistemas de pagamento entre países, publicou hoje a Reuters a partir de informações de quatro fontes do governo. O objetivo é fomentar comércio e investimento e ampliar o uso de moedas locais como alternativa ao dólar, disseram. O movimento pode criar tensão com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O objetivo central é estimular novas tecnologias e promover o barateamento dessas operações, se apoiando sobre padrões compatíveis com os desenvolvidos por organismos multilaterais mais amplos, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS), disseram três das fontes.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o “direito de discutir a criação de uma forma de comercialização (para) que a gente não dependa só do dólar”. Em 2023, ele chegou a dizer que a criação de uma moeda para as transações comerciais e de investimentos entre os membros do Brics aumentaria opções e reduziria vulnerabilidades.

Alternativas à moeda única

Todas as fontes apontaram que uma moeda comum nunca esteve sob consideração nas discussões técnicas do grupo, do qual fazem parte Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Indonésia.

Menções à ideia ganharam tração após o Ocidente ter imposto pesadas sanções à Rússia em resposta à guerra na Ucrânia.

Nos últimos dias, Fazenda e Banco Central discutiram as propostas que serão levadas ao Brics pela presidência brasileira neste ano, incluindo o tema dos pagamentos transfronteiriços. Procurados, ambos não responderam a um pedido por comentário.

Representantes do grupo se encontrarão na África do Sul no final de fevereiro, às margens das reuniões do G20, quando o plano será apresentado aos pares pelo Brasil, disseram as fontes.