29/09/2025 - 9:42
Presidente americano deverá pressionar premiê israelense por acordo sobre plano de 21 pontos que vem sendo debatido com países árabes e muçulmanos.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta segunda-feira (29/09) o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, em Washington, para debater um plano de paz dos EUA para a Faixa de Gaza.
O encontro ocorre poucos dias depois de uma série de países, incluindo o Reino Unido e a França, dois aliados dos EUA com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, terem reconhecido o Estado palestino apesar da oposição de EUA e Israel.
Trump, que criticou as medidas de reconhecimento como um prêmio ao grupo radical palestino Hamas, disse à agência de notícias Reuters no domingo que espera obter o aval de Netanyahu a um plano geral para encerrar a guerra no enclave palestino e libertar os reféns israelenses restantes.
O presidente americano aparenta estar cada vez mais frustrado com Netanyahu, principalmente depois do ataque israelense a negociadores do Hamas em Doha, no Catar. O país árabe é um importante aliado dos EUA e abriga a maior base militar americana no Oriente Médio.
Na sexta-feira, Trump disse acreditar ter um acordo sobre Gaza, depois de apresentar durante a semana o seu plano de paz a vários países árabes e muçulmanos, assim como a Benjamin Netanyahu. “Será um acordo que trará de volta os reféns. Será um acordo que acabará com a guerra”, prometeu o presidente dos EUA.
No domingo, numa mensagem na rede social Truth Social, Trump afirmou que há “uma oportunidade real de alcançar algo grande no Oriente Médio” e “todos estão prontos para algo especial, algo inédito”.
Objeções por Israel
Netanyahu, porém, deu poucos motivos para tanto otimismo nos últimos dias. Num discurso em tom desafiador na Assembleia Geral da ONU, na sexta-feira, ele prometeu “terminar o trabalho” contra o Hamas e bloquear a criação de um Estado palestino. Ele frisou que Israel “não cederá” às pressões internacionais.
Nem Netanyahu nem o Hamas até agora concordaram com o plano, que tem 21 pontos. Um esboço foi divulgado na íntegra no sábado pelo jornal The Times of Israel. Neste domingo o diário americano The Washington Post também divulgou trechos do plano, mas com uma redação diferente em alguns pontos.
“Nada está finalizado… são apenas linhas gerais”, disse uma autoridade da região, sob anonimato, ao jornal da capital dos EUA. “Ainda há coisas que precisam ser resolvidas.”
Uma outra pessoa, também familiarizada com as discussões, disse à agência de notícias Reuters que autoridades israelenses expuseram preocupações, incluindo a proposta de presença de forças de segurança palestinas em Gaza após a guerra, a falta de clareza sobre a expulsão de autoridades do Hamas do enclave e sobre quem teria a responsabilidade geral pela segurança em Gaza.
O plano também não teve até aqui qualquer efeito sobre a guerra, com Israel dando prosseguimento à sua ofensiva na Cidade de Gaza e a seus planos de eliminar completamente o Hamas da faixa litorânea.
Numa carta ao presidente americano, familiares de reféns israelenses apoiaram o plano e pediram a Trump que se mantenha firme no compromisso de terminar a guerra quando receber Netanyahu.
O que diz o plano
Segundo os relatos da imprensa, o plano prevê um cessar-fogo que entre em vigor assim que Hamas e Israel concordarem com a proposta.
O plano inclui ainda a libertação imediata dos reféns restantes do Hamas em troca de centenas de prisioneiros palestinos, bem como a retirada dos militares israelenses da Faixa de Gaza. Entre os 48 reféns, 26 foram declarados mortos pelos militares israelenses.
O Hamas não deverá desempenhar nenhum papel na futura administração da Faixa de Gaza, e Israel também não deverá anexar a área, que deverá ser governada por um governo de transição, “supervisionado por um novo organismo internacional estabelecido pelos EUA”.
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi mencionado em alguns veículos de comunicação como possível líder de uma autoridade de transição para Gaza, segundo as propostas dos EUA. O órgão operaria com o apoio da ONU e dos países do Golfo Pérsico antes de, eventualmente, entregar o controle a uma Autoridade Palestina (AP) reformada.
A Faixa de Gaza deverá ser uma área livre de terrorismo e não deverá representar uma ameaça à região. O Hamas não terá qualquer papel no governo de Gaza.
A versão apresentada pelo Times of Israel diz ainda que ninguém será forçado a deixar Gaza. Aqueles que optarem por sair poderão retornar, e os moradores de Gaza serão incentivados a permanecer na faixa.
as (ots, Reuters, AFP, Lusa)