O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na noite desta terça-feira, 23, que não tem planos de demitir o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, mas disse que quer que as taxas de juros sejam mais baixas, comentários que poderiam aliviar as tensões sobre o futuro do chefe do banco central, que têm agitado os investidores.

“Não tenho intenção de demiti-lo”, disse Trump aos repórteres no Salão Oval. “Gostaria que ele fosse um pouco mais ativo em termos de sua ideia de reduzir as taxas de juros”, acrescentou.

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A declaração de Trump foi o primeiro alívio após dias de críticas contundentes que ele fez a Powell por não ter reduzido ainda as taxas de juros desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.

As críticas foram muitas vezes acompanhadas de comentários ameaçadores, como a publicação na mídia social na semana passada de que a demissão de Powell como chair do Fed “não poderia ocorrer rápido o suficiente”, o que assustou os mercados financeiros que veem a independência do Fed como a base de sua credibilidade no cenário financeiro global.

Mas, embora ele pareça ter deixado de lado essas ameaças por ora, suas críticas à política de taxas do Fed permanecem igualmente incisivas.

“Achamos que é o momento perfeito para reduzir a taxa de juros e gostaríamos que nosso chairman fizesse isso cedo ou na hora certa, e não tarde”, disse Trump.

Powell disse na semana passada que o banco central norte-americano será cauteloso, dada a falta de clareza sobre como as mudanças radicais nas regras comerciais dos EUA afetarão o crescimento e a inflação.

Trump impôs no início de abril tarifas de 145% sobre vários produtos importados da China. As tarifas incluem uma taxa imposta previamente pelo suposto papel da China na cadeia de abastecimento de fentanil, e depois por práticas que Washington considera injustas.

A China respondeu com tarifas de 125% sobre os produtos americanos.

Mas Trump reconheceu nesta terça-feira que 145% é um nível “muito elevado” e que “vai cair substancialmente”.

“Não ficará nem perto desse número, mas também não será zero”, disse o presidente.

Mercados reagem positivamente

Às 7h (de Brasília) desta quarta-feira, 23, a Bolsa de Londres subia 1,30%, a de Paris avançava 2,27% e a de Frankfurt ganhava 2,78%. Já as de Milão, Madri e Lisboa tinham altas de 1,21%, 1,20% e 0,45%, respectivamente.

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Os futuros dos principais índices de Wall Street também saltavam após o recuo de Trump. O futuro do S&P 500 subia 2,37%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq 100 tinha alta de 2,77%, e o futuro do Dow Jones avançava 1,83%.

As ações de megacaps subiam amplamente, com a Apple subindo 3% e a Nvidia ganhando 4,8%. A Alphabet, que divulgará seus resultados trimestrais na quinta-feira, avançava 2,2%.

Os mercados aumentaram as apostas de que o Fed manterá os juros inalterados em sua próxima reunião, vendo uma chance de 93% de nenhuma mudança, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.