20/11/2025 - 21:33
Presidente dos EUA cita conversa com Lula em outubro e recomendações de outras autoridades em decisão que retirou tarifas de 40% de mais de 200 itens exportados pelo Brasil. Lula celebra decisão.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quinta-feira (20/11), a retirada da tarifa de importação de 40% sobre determinados produtos brasileiros. Constam na lista divulgada pela Casa Branca produtos como café, chá, frutas tropicais e sucos de frutas, cacau e especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina.
Ao todo, a retirada da tarifa inclui mais de 200 itens agrícolas e de pecuária. A isenção também será retroativa para todos os produtos que tiverem entrado nos EUA a partir de 13 de novembro.
As isenções estão incluídas em duas listas que abrangem desde carne a especiarias, frutas e grãos como café, cacau e seus derivados e muitos outros produtos.
Também estão incluídos combustíveis fósseis, produtos derivados ou substâncias químicas relacionadas ao carvão e seu processamento, gases liquefeitos, produtos químicos e polpas de madeira.
Na ordem executiva publicada pela Presidência dos EUA, Trump diz que a decisão foi tomada após conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de outubro, “durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as questões identificadas no Decreto Executivo 14.323”. De acordo com a publicação, essas negociações ainda estão em andamento.
Além disso, foram consideradas informações e recomendações adicionais de diversas autoridades que têm acompanhado as circunstâncias relativas ao estado de emergência declarado no Decreto Executivo 14.323. Segundo as recomendações recebidas por Trump, “certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional de 40% imposta pelo Decreto Executivo 14.323, porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o governo do Brasil”, especifica a publicação oficial.
Lula celebra suspensão de tarifa
Após o anúncio da retirada das tarifas adicionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que está feliz com a decisão do governo Donald Trump.
“Hoje eu estou feliz porque o presidente Trump já começou a reduzir algumas taxações que tinha feito em alguns produtos brasileiros. Essas coisas vão acontecer na medida que a gente consiga galgar respeito das pessoas. Ninguém respeita quem não se respeita. Em política, em economia, não tem mágica. Você tem que fazer aquilo que é possível fazer, na hora que é possível fazer, sem pegar ninguém de sobressalto”, afirmou Lula, em evento do Salão do Automóvel, em São Paulo.
Lula afirmou que, desde o início, buscou agir com cautela diante da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos. O tarifaço começou a vigorar em agosto. Outros países também foram alvo de Trump, desde o princípio do ano.
Tarifas
No fim de julho, Trump anunciou uma sobretaxa de 40% a produtos vendidos pelo Brasil. Posteriormente, a taxa foi acrescida com as chamadas “tarifas recíprocas” de 10% aplicadas sobre importações globais dos EUA.
À época da imposição das tarifas sobre o Brasil, Trump justificou a medida citando um suposto déficit com o Brasil, mas também deixou claro que pretendia fazer pressão política sobre o país sul-americano, mencionando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado quando este último ocupava a Presidência.
No entanto, a Casa Branca acabou anunciando uma lista com quase 700 exceções, como suco de laranja e produtos de aviação, que beneficiou 43% do valor das exportações brasileiras. Mas produtos como carne e café continuaram sobretaxados.
A abertura para negociações começou em 6 de outubro, quando Lula e Trump conversaram por telefone. Vinte dias depois, em 26 de outubro, os dois presidentes se reuniram pessoalmente presencialmente na Malásia. O encontro, que durou cerca de 45 minutos, foi a primeira reunião bilateral oficial entre os dois mandatários.
Na semana passada, foi a vez de o governo Trump reduzir as tarifas de importação de 10% aplicadas globalmente sobre cerca de 200 produtos, incluindo café. Mas, na prática, para o Brasil, as taxas só caíram de 50% para 40%. Agora, esses 40% restantes também foram retirados.
jps (Agência Brasil, DW, ots)