12/03/2020 - 0:37
O presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira a suspensão, por 30 dias, de todas as viagens da Europa para os Estados Unidos, visando deter a propagação do novo coronavírus.
“Decidi adotar medidas fortes mas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar de todos os americanos”, disse Trump em mensagem à Nação do Salão Oval da Casa Branca.
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“Para evitar que cheguem novos casos ao nosso país, suspenderei todas as viagens da Europa aos Estados Unidos durante os próximos 30 dias”.
A medida se aplicará a todos que estiveram durante os 14 dias prévios à chegada aos EUA em qualquer país do espaço Schengen, exceto para americanos e residentes permanentes.
“A nova determinação entrará em vigor à meia-noite de sexta-feira” (01H00 Brasília) e não envolverá o Reino Unido.
Trump, que lamentou que a União Europeia “não tenha adotado as mesmas precauções que os Estados Unidos”.
Durante seu discurso de 10 minutos, o presidente definiu como um “vírus estrangeiro” o agente infeccioso já presente em 100 países.
O novo coronavírus teve sua origem na cidade chinesa de Wuhan.
Há alguns dias, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, provocou polêmica e a irritação de Pequim ao citar o “vírus de Wuhan”.
Após o anúncio, os preços do petróleo recuaram na Ásia: o barril do West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril perdia 6,28%, a 30,91 dólares, e o Brent do Mar do Norte recuava 6,04%, a 33,63 dólares.
Em outra decisão para conter a epidemia, Trump “pediu ao Congresso que permita aos americanos uma redução imediata de impostos” sobre a folha de pagamento.
O presidente informou ainda que adiará a cobrança de impostos a certas empresas e pessoas afetadas pela epidemia, uma medida que deve injetar mais de 200 bilhões de dólares de liquidez na economia americana.
Horas antes do discurso à Nação, o diretor do Centro de Prevenção de Enfermidades, Robert Redfield, havia advertido para o risco maior de propagação do coronavírus relacionado à Europa.
“Para nós, a verdadeira ameaça agora é a Europa. Os casos vêm de lá. Falando claro, a Europa é a nova China”.
A Europa registra 22.307 casos confirmados, com 930 mortes. No mundo são 124.101 casos em 113 países e territórios, com 4.566 vítimas fatais, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais.
Classificado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde, o Covid-19 paralisa a vida diária dos cidadãos, com limitações às viagens até o fechamento de locais públicos, passando pela restrição da quantidade de pessoas em eventos.
No início de fevereiro, Washington proibiu temporariamente a entrada nos Estados Unidos de cidadãos estrangeiros com passagem recente pela China.
O Departamento de Estado, que havia recomendado aos cidadãos americanos não viajar à Itália, agora ampliou a recomendação a qualquer país.
A advertência destaca que os americanos que viajam para o exterior correm o risco de ficar retidos em muitas nações, incluindo aquelas onde ainda não há casos de coronavírus, “que podem restringir o trânsito (de pessoas) sem aviso prévio”.
O novo coronavírus já matou 38 pessoas nos EUA, onde há 1.200 casos confirmados, segundo estatísticas da universidade americana Johns Hopkins.
A porta-voz da presidência Stephanie Grisham informou que “para exercer a maior precaução diante da epidemia” Trump decidiu “cancelar seus próximos eventos”, em dois estados do Oeste do país.
Trump pretendia viajar ao Colorado e discursar no sábado em Las Vegas, Nevada, na Coalizão Republicana Judaica.
– Tom Hanks contaminado –
O ator americano Tom Hanks anunciou que apresentou resultado positivo para o novo coronavírus, assim como sua esposa Rita Wilson. Os dois estão na Austrália.
A pandemia continua provocando estragos no calendário esportivo mundial. Nos Estados Unidos, a NBA suspendeu por tempo indeterminado a temporada depois que um jogador foi diagnosticado com Covid-19.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) solicitou à Fifa o adiamento do início das eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar-2022.
A Coreia do Sul registrou 114 novos casos nesta quinta-feira, o que eleva a 7.869 o número de pessoas afetadas, com 66 mortes.
O ritmo de aumento é muito menor do que no início do mês, quando entre 500 e 600 novas infecções eram registradas diariamente. Mas as autoridades pediram vigilância contínua.
Na China, o número de novas infecções diárias caiu para 15 nesta quinta-feira, o menor desde meados de janeiro, quando os dados começaram a ser publicados.