26/03/2025 - 19:38
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 26 planos para tarifas há muito prometidas de até 25% sobre as importações automotivas, ampliando a guerra comercial global que ele iniciou ao reconquistar a Casa Branca este ano, em uma medida que os especialistas do setor automotivo esperam que aumente os preços e prejudique a produção.
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“O que faremos é aplicar uma tarifa de 25% a todos os carros que não forem fabricados nos Estados Unidos”, disse Trump no Salão Oval. “Começamos com uma base de 2,5%, que é o que estamos fazendo, e vamos para 25%.”
Trump, que vê as tarifas como uma ferramenta para aumentar a receita para compensar seus cortes de impostos prometidos e para reviver uma base industrial dos EUA em declínio há muito tempo, disse que os novos impostos de importação entrarão em vigor em 2 de abril, a mesma data em que ele planeja anunciar tarifas recíprocas destinadas aos países responsáveis pela maior parte do déficit comercial dos EUA.
A cobrança das novas tarifas sobre automóveis começaria em 3 de abril.
Com relação ao anúncio do próximo dia 2 de abril, Trump indicou que as medidas podem não ser as taxas equivalentes que ele vem se comprometendo a impor.
“Vamos torná-las muito brandas”, disse Trump. “Acho que as pessoas ficarão muito surpresas. Será, em muitos casos, menor do que a tarifa que eles vêm cobrando há décadas.”
Queda das ações
As ações das montadoras listadas nos EUA caíram com a notícia da coletiva de imprensa, devido a preocupações de que as tarifas causariam ondas de choque em uma indústria automobilística global que tenta se recuperar da incerteza causada pelas ameaças tarifárias rápidas de Trump e suas ocasionais reversões.
O mercado acionário dos EUA também fechou em baixa devido às preocupações com as tarifas, que têm atormentado os investidores durante a maior parte do último mês.
Desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, Trump anunciou e adiou as tarifas sobre o Canadá e o México pelo que ele alega ser o papel deles em permitir a entrada do opioide fentanil nos EUA; estabeleceu impostos de importação sobre produtos da China pelo mesmo motivo; lançou pesadas tarifas sobre as importações de aço e alumínio; e tem repetidamente divulgado seus planos de anunciar tarifas globais recíprocas em 2 de abril.
As tarifas também poderiam aumentar os custos dos carros para os consumidores em milhares de dólares, afetando as vendas de veículos novos e resultando em perda de empregos, já que o setor automotivo dos EUA depende muito de peças importadas, de acordo com o Center for Automotive Research.
Os EUA importaram US$ 474 bilhões em produtos automotivos em 2024, incluindo carros de passeio no valor de US$ 220 bilhões. México, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha, todos aliados próximos dos EUA, foram os maiores fornecedores.
Taxação sobre México e Canadá pode encarecer carros nos EUA
A Aliança para Inovação Automotiva, que representa todas as principais montadoras dos EUA, exceto a Tesla, havia alertado para o possível aumento no preço dos carros produzidos nos EUA após o anúncio da taxação das importações do México e do Canadá. Entre os membros da entidade, estão a General Motors, a Ford, a Toyota, a Volkswagen, a Hyundai e a Stellantis.
Já a Volkswagen, que conta com uma grande fábrica no México, afirmou que trabalha com planos alternativos desde que a taxação foi anunciada pelo governo Trump.
O presidente-executivo da marca, Thomas Schaefer, considera a mudança de curto prazo de fabricação de modelos do México para a fábrica nos EUA como “não realista” e que o aumento da produção na fábrica da marca em Chattanooga, nos Estados Unidos, precisaria de “um pouco mais de tempo”.
A fábrica em Puebla, no México, produz cerca de dois terços dos carros que a empresa vende nos Estados Unidos.