O diretor de marketing da Alcoa Alumínio no Brasil, Luís Augusto Barbosa, anda sonhando com a Itália. Seria um excelente destino para as férias que ele pretende tirar em poucos meses. Mas a escolha de Barbosa pelo país europeu passa longe dos passeios na Piazza Navona ou das fotografias no Coliseu. Seu interesse se justifica, no momento, pela experiência da filial italiana em solucionar um problema que a subsidiária brasileira decidiu enfrentar este ano: a pirataria. Agindo às escuras, os piratas oferecem no mercado informal todo tipo de ?tubaínas de alumínio?, sejam portas, janelas ou esquadrias metálicas copiadas de modelos da Alcoa e fabricadas com material reciclado. Segundo Barbosa, eles misturam até latinhas de cerveja à matéria-prima. Isso só é possível graças ao crescimento da indústria de reciclagem de alumínio no País. Atualmente, 283 mil toneladas do metal são reciclados ao ano no Brasil, o que representa 34% do consumo interno. No ano passado, o faturamento desse mercado foi de 300 milhões de dólares.

Até pouco tempo, a existência das oficinas de fundo de quintal era de pouquíssima importância para a gigante americana. Só que veio o balanço de 2002 e com ele a surpresa: uma redução significativa da participação de mercado no segmento de construção civil. O grupo estava habituado com a confortável participação de 50% nas vendas totais do País nesse setor. Em 2002, o índice caiu para 40%. A queda de 10% nas vendas acionou a luz amarela. Era preciso agir rápido e a Alcoa investiu R$ 1,5 milhão no desenvolvimento de uma linha de produtos, a Master, que dificilmente poderá ser clonada pelos concorrentes. ?São janelas e esquadrias com desenhos diferenciados, mais leves e mais resistentes?, afirma Barbosa. É exatamente a mesma estratégia que a filial italiana usou, com sucesso, para desbancar os piratas do sul do país.

Ainda assim faltava destruir a principal arma dos copiadores: o preço. Os piratas conseguem vender as ?tubaínas de alumínio? a valores até 40% mais baratos. A Alcoa dificilmente chegará ao mesmo patamar, mas promete reduzir a diferença entre o que o mercado paralelo cobra e o que aparece estampado em suas etiquetas. Para exibir preços competitivos, seria necessário
controlar custos. E foi feito. Os novos produtos começaram a ser fabricados no mesmo maquinário da velha linha, na fábrica de Santo André (SP). A Alcoa evitou investimentos extras em novos equipamentos. ?Teremos de volta esses dez pontos em no máximo dois anos?, afirma Barbosa. Pelas contas da empresa, a Master estará rendendo R$ 16 milhões neste primeiro ano de mercado e outros R$ 35 milhões em 2004.

Como carro-chefe da casa, a nova linha substituirá até agosto os produtos mais copiados pela pirataria. A expectativa agora de Barbosa e de toda a diretoria é que os piratas desistam de copiar os produtos da Alcoa. Uma coisa é certa: a empresa aprendeu a lição e, ao menos dessa vez, se deu ao trabalho de patentear a Master, peça por peça. Não costumava fazer isso com as linhas antigas. Além disso, o diretor Barbosa deixou o departamento jurídico em alerta para declarar guerra a qualquer concorrência desleal, por menor que seja o competidor.