28/02/2007 - 7:00
4 bilhões de celulares estarão em operação no mundo, em 2010
Pense em uma tecnologia. Qualquer uma. Pois ela já está no celular, em alto, bom som e imagem de muito boa qualidade. Localização via GPS? Televisão aberta? Televisão sob demanda? Música? Identificação por biometria? Internet banda larga? Controle de skate? (É isso mesmo: um skate controlado pelo celular, para quem tem pouca intimidade com as pistas, foi mostrado na 3GSM World Congress, maior evento de telefonia móvel do mundo que aconteceu pouco antes do Carnaval, em Barcelona). Até mesmo a bateria, empecilho para a sobrevida de aplicativos mais pesados, parece estar evoluindo rápido. O Nokia N77 apresentado durante a feira, por exemplo, transmite programas de televisão ? como as imperdíveis finais de campeonato ? inteiros: sua bateria dura aproximadamente cinco horas com a TV ligada.
Em busca de respostas: 60 mil pessoas estiveram presentes no 3GSM World Congress, realizado em Barcelona. Além de fazer negócios, sua preocupação era saber qual será o modelo que sustentará a evolução da telefonia móvel
Em busca de respostas: 60 mil pessoas estiveram presentes no 3GSM World Congress, realizado em Barcelona. Além de fazer negócios, sua preocupação era saber qual será o modelo que sustentará a evolução da telefonia móvel
Tudo absolutamente fantástico, se não fosse por um porém: quem pagará por tanta tecnologia? ?Até agora, só voz e SMS foram adotados em larga escala pelo usuário?, afirmou Roberto Lima, presidente da Vivo, durante a feira. ?A telefonia móvel se sofisticou brutalmente, mas ainda não está definido qual será o modelo de negócio que sustentará toda essa evolução.? Era exatamente a resposta a essa questão que todos os participantes da 3GSM buscavam. Durante o evento, falou-se pouco em tecnologia e muito em experiências bem-sucedidas e novas formas de geração de receita. ?As tendências para os próximos anos apontam desde a exploração de conteúdo ao maior uso de movimentações financeiras e a exploração do conteúdo ao maior uso de movimentações financeiras e criações de comunidades?, disse Petrônio Nogueira, sócio-diretor da consultoria Accenture, também no evento. ?Elas indicam desde a exploração do conteúdo ao maior uso de movimentações financeiras e criações de comunidades?.
Não faltaram exemplos em todas essas áreas. ?Telefonia para o usuário não diz respeito à tecnologia, mas sim sobre como as pessoas constróem relacionamentos?, afirmou David Fischer, diretor do site de relacionamentos MySpace, que anunciou parcerias do MySpace Mobile com as operadoras Vodafone e Cingular. ?As pessoas querem fazer parte de grupos e mandar suas fotos e compartilhar músicas com a família e os amigos?. Ele vendia seu peixe, mas encontrou ecos em outras paragens, mesmo que bem mais distantes. A Turkcell, maior operadora da Turquia, por exemplo, tem um clube de relacionamento do qual fazem parte 13 milhões de jovens. O serviço tem conseguido se sustentar ? e gerar receitas extras à telefônica ? graças à parcerias com diversas empresas interessadas em atingir esse público. ?Mudamos o hábito de cinema na Turquia?, disse Lale Saral, diretora de marketing da Turkcell. ?Damos entradas gratuitas a convidados de participantes do grupo que vão ao cinema durante a semana?. O resultado é que a audiência nos cinemas em fins de semana passou de 80% para 50%, depois de iniciada a promoção. Em outra campanha de marketing viral pelo celular, a empresa também conseguiu levar 1 milhão de consumidores extras ao McDonald?s, numa única promoção.
Outra provável fonte extra de receita das empresas de telefonia ? a TV pelo celular ? tem gerado polêmica maior. ?Se as operadoras quiserem fazer com que a televisão pelo celular aconteça, terão de oferecer conteúdo de graça?, afirmou Torsti Tenhunen, diretor de TV móvel da Nokia, maior fabricante de celulares do mundo. Fácil de dizer, difícil de fazer. ?Na televisão tradicional, todas as métricas de retorno de audiência estão definidas?, disse Nogueira, da Accenture. ?A publicidade também deverá sustentar a TV no celular, mas tanto o formato dos programas quanto o retorno da audiência ainda precisam ser elaborados?.
Mesmo com o longo caminho a ser percorrido, produtores de conteúdo ? gigantes ou emergentes ? estavam todos lá. Surgiram vendendo até novas categorias, os mobisodes, neologismo que une episódios para aparelhos móveis. ?Um número cada vez maior de crianças têm celular e os pais querem conteúdo seguro?, vendia George Grobar, vice-presidente sênior e gerente-geral da Disney Mobile. Ele não era o único. ?A maior plataforma entre os jovens é o telefone e não o PC e os videoclipes sob demanda terão um grande mercado?, prometia Gary Ellis, vice-presidente de conteúdo e operações de Mídia Digital da MTV Internacional. O eco era o mesmo com as notícias da CNN, os seriados da Fox e todo o resto. ?É o conceito de quarta tela?, diz Nogueira. ?Depois do cinema, da TV e do PC, é a vez do celular ganhar espaço na disputa pela audiência das pessoas?. Mas como se dividirá a receita gerada por esse novo espectador? Ficará com as operadoras ou com as produtoras de conteúdo? ?Nesse momento, o que interessa é aumentar o bolo para depois pensar em como dividi-lo?, responde Nogueira.
Nessa linha, outra tendência apontada na feira é o incremento das movimentações financeiras, que vão desde operações de internet banking a pagamentos e remessas internacionais pelo celular. A MasterCard apresentou durante uma das conferências seu impressionante projeto-piloto de transferência monetária pelo telefone, feito para imigrantes de países subdesenvolvidos. Um mercado potencial de 200 milhões de pessoas que imigram por empregos em corredores globais e mandam dinheiro de volta para casa. ?É claro que há a preocupação com lavagem de dinheiro, mas a facilidade e a redução de custos trazidas por esse tipo de transferência gerará oportunidades de desenvolvimento para países que precisam desses recursos, muito mais do que os bancos?, disse Roy Dunbar, presidente de tecnologia global da MasterCard Internacional. A tese parece fazer sentido para as empresas da área. ?Muito mais rápido do que se imagina, haverá forte movimentação de transações financeiras pelo celular?, diz Lima, da Vivo. ?Banqueiro não rasga dinheiro e celular reduz custo de operação?.
200 milhões de imigrantes poderão transferir dinheiro pelo celular
ANTES DE O IPHONE CHEGAR
Os fabricantes de aparelhos celulares tentavam mostrar toda a criatividade que a tecnologia 3G permite. Mas não escondiam a preocupação com o aparelho da Apple
Aansiedade em relação ao iPhone era tamanha durante o 3GSM World Congress que termos como ?iGod? e ?iPoditização? eram correntes nas conversas. Mas, enquanto ele não vem, as empresas mostraram suas mais recentes armas. Eis algumas delas:
Música fina
o W880i, da Sony Ericsson, é o mais fino da marca, com 9,4 milímetros de espessura, capacidade de armazenar 900 músicas e câmera de 2 mega
Aparelho grifado:
da LG com design Prada, tem tela espelhada que se ilumina com um toque. Lá está o teclado virtual, que lembra o do iPhone
Prêmio magreza:
o celular mais fino do mundo é o Samsung 5,9 Ultra Edition, com apenas 5,9 milímetros de espessura. Tem tela sensível ao toque e câmera de 3 mega
Rumo certo:
O Nokia N95 tem câmera de 5 mega, reproduz música e vídeos horizontal e verticalmente e transforma-se também num sistema de localização GPS
Nova navalha:
o campeão de vendas Motorizr Z8, da Motorola, tem câmera de dois mega, reproduz música e bateria de 16 dias em modo de espera
Todos sentidos:
o myMobile TV, da Sagem, permite que, se a posição do celular for mudada, a imagem passe automaticamente de vertical para horizontal e vice-versa.
Proteção no dedo:
criado para uso profissional, o Portégé G500, da Toshiba, promete mais segurança ao identificar o usuário por meio da digital
Cara crachá:
o P703iu, da Panasonic, usa tecnologia de reconhecimento facial que permite ao celular identificar seu dono. Tem câmera externa e interna para videoconferência