O engenheiro Eduardo Seixas, sócio da filial brasileira da consultoria americana Alvarez & Marsal, conhecida por administrar empresas em dificuldades, como Lehman Brothers, Varig e OGX, é o novo presidente do Instituto Brasileiro de Administração Judicial (Ibajud). Seixas, que substituirá a advogada Carla Crippa, assume o cargo na quarta feira, 29, em meio a um momento especial vivido pelo setor, deflagrado pelo  pedido de recuperação judicial da Operadora Oi, vergada por uma dívida de R$ 65 bilhões. 

Turbulência para uns, o momento pode se transformar em céu de brigadeiro para outros, como quem atua no setor, como escritórios de advocacia e consultorias de reestruturação de empresas. Com o agravamento da crise econômica, segundo dados da Alvarez & Marsal, divulgados no começo de junho, as dívidas das empresas em recuperação judicial no Brasil somavam R$ 120 bilhões, aos quais devem ser acrescidos os débitos da Oi, totalizando nada menos de R$ 185 bilhões.Até a semana passada, os maiores espetos eram da Sete Brasil (R$ 19,3 bilhões), OGX (R$ 12 bilhões) OAS (R$ 11,1 bilhões), Schahin ( R$ 5,8 bilhões) e OSX (R$ 4,5 bilhões).

O aumento dos pedidos de recuperação judicial vem chamando a atenção desde o ano passado, quando foi atingido o recorde de 1.287 processos, um crescimento de 55% sobre 2014. E tende a se agravar, em 2016, num cenário que combina retração econômica com restrição de crédito. Prova disso, são os números dos primeiros cinco meses do ano:  de acordo com a Serasa Esperian os 755 pedidos encaminhados à Justiça entre janeiro e maio representam um crescimento de 95,1% sobre o mesmo período de 2014.

Com a mega-ampliação do mercado de recuperação judicial, cresce a  importância de não apenas aumentar a oferta de profissionais para administrar os processos, como incrementar sua qualificação. “Havia poucas pessoas  gabaritadas para o exercício da recuperação judicial”, afirma a advogada Rosely Cruz, do escritório NeoLaw e fundadora do Ibajud. “Nosso objetivo é atualizar e gabaritar os administradores judiciais e criar um ambiente mais favorável para uma recuperação judicial ou falência mais eficazes.”