Presenciar o sol nascendo em frente ao Taj Mahal enquanto se degusta um café da manhã com croissants franceses e sucos tropicais. Jantar a luz de velas com um grupo de amigos dentro da Acrópole de Atenas ou então uma suculenta ceia em família na cozinha de um dos mais tradicionais restaurantes alemães com direito a um concerto exclusivo executado por um autêntico Stradivarius do século XVI. Esses são apenas alguns exemplos de Travel Design, uma modalidade de turismo que não pára de crescer. É simples: trata-se de proporcionar experiências únicas e inesquecíveis a quem estiver disposto a pagar, e bem, por isso. O conceito começou com um seleto grupo de milionários aventureiros com bala na agulha para bancar o frete de jatos e iates. No início, há pouco mais de uma década, era brincadeira de excêntricos, pilotada por gente como a empresária paulista Susanna Lemann, que transformou uma mania pessoal em negócio e hoje atende uma elite de endinheirados.

O tempo passou, a moda pegou e hoje a atividade ganhou um novo rosto. Grandes multinacionais contratam esse tipo de serviço para premiar os melhores funcionários. Todos os anos, gigantes do setor farmacêutico e automobilístico destinam de US$ 6 milhões a US$ 10 milhões aos programas de incentivo ancorados no turismo. Por conta disso, as empresas que se especializaram em oferecer viagens exóticas com certa dose de mordomia movimentaram US$ 800 bilhões só nos EUA em 2004. Com o aumento da procura, as agências também passaram a ofertar pacotes mais acessíveis. Desta vez, o alvo são executivos e empresários que não entram na lista dos milionários, mas que fazem questão de aderir à onda hedonista de democratização de pequenos luxos e mimos, fugindo dos pacotes turísticos tradicionais. ?O Travel Design é como alta costura?, diz Ricardo Ferreira, diretor da Alatur, empresa 100% brasileira que entrou no mercado há 10 anos e hoje concorre com gigantes como Amex e Carlson Wagonlitt no turismo corporativo. ?Como nas passarelas do luxo, ganha-se na construção da imagem mais do que no faturamento?.

A Alatur faturou R$ 160 milhões no ano passado, mas apenas 3% vieram do Travel Design. ?O nosso forte continua sendo o setor corporativo, que concentra quase 80% do total, mas esse segmento se tornou uma parte crucial do nosso trabalho.? O preço dos roteiros varia de US$ 25 mil a US$ 250 mil e os clientes podem economizar na passagem usando milhagem de companhia aéreas. ?Esse serviço surgiu como uma extensão do que já fazíamos?, diz Ferreira. Executivos de empresas como Unibanco, Nívea e Alcan, quando viajavam a trabalho, pediam para cultivar pequenas paixões como vinho, charutos, gastronomia e até caminhadas nas horas vagas. O segredo é misturar roteiros tradicionais com experiências exóticas, diz Ferreira. Entre as extravagâncias estão uma volta do mundo em 45 dias, um tour por pequenos vilarejos nada convencionais da Europa e uma imersão gastronômica em restaurantes especializados em comida caseira na Itália. Uma vez, um casal de executivos adeptos ao turismo ecológico, mas avesso a mosquitos e pernilongos, comprou um roteiro que incluiu passeios de barco pelo rio Amazonas, trilhas na floresta venezuelana, banhos de sol em Cartagena, na Colômbia, e, para encerrar, caminhadas na gelada Patagônia chilena. Bon voyage.