A brasileira Luisa Janssen Harger da Silva obteve uma vitória na Justiça dos Estados Unidos e será indenizada em US$ 81,7 milhões de dólares (cerca de R$ 435 milhões) pela Autoridade Metropolitana de Transporte (MTA, na sigla em inglês), órgão responsável pelo metrô de Nova York. Luisa perdeu um braço e uma perna em um acidente no metrô em agosto de 2016, quando viajou a turismo para a cidade dos Estados Unidos.

Então com 21 anos, Luisa estava com o namorado em uma estação na avenida Atlantic, no Brooklyn, quando desmaiou e caiu, sendo atingida por um trem que chegava. Na última semana, o júri de um tribunal federal do Brooklyn considerou que a MTA foi negligente em não considerar a questão de pessoas caindo nos trilhos seriamente.

A brasileira ficou internada por 24 dias e passou por cirurgias e enxertos de pele. Hoje, ela usa próteses para substituir os membros que perdeu.

Em nota enviada ao Estadão, o advogado de Luisa, David Roth, considerou que a MTA falhou em proteger os passageiros de quedas como a sofrida pela brasileira. Segundo Roth, o órgão responsável pelo metrô apresentou desculpas, rejeitou soluções conhecidas e nunca conduziu estudos sobre como melhorar a segurança nas estações.

“Durante minha investigação inicial, descobri documentos internos que mostravam que, de 2001 a 2012, aproximadamente 150 pessoas foram atropeladas por trens anualmente, e pelo menos uma pessoa morria a cada semana. A Autoridade de Trânsito tratou cada uma dessas tragédias como um fato da vida do sistema e simplesmente como o custo de fazer negócios”, afirmou.

Roth destacou que o júri rejeitou o argumento da MTA de que mais de um bilhão de pessoas utilizam o metrô de Nova York anualmente e que, portanto, três a cinco acidentes por ano seria um número aceitável e que não exigiria ações corretivas. Para o defensor de Luisa, a afirmação chega a ser ofensiva.

A reportagem tentou contato com a defesa da MTA, mas não houve resposta até a publicação deste texto. Segundo o jornal americano New York Post, o órgão prometeu recorrer da sentença.

“Não podemos nos pronunciar sobre decisões históricas tomadas há décadas”, afirmou Tim Minton, porta-voz da MTA, ao Post. Além dos custos, Minton disse que as portas nas plataformas da grande maioria das paradas não funcionariam devido a “razões de viabilidade física e acessibilidade”. Ele acrescentou que algum tipo de barreira já foi instalado em 109 estações.

Para a defesa de Luisa, o mais importante é que o veredito garante que ela receberá os cuidados de saúde necessários para toda a vida. “Representá-la foi uma honra na minha vida. Ela possui um espírito belo e indomável. Se você procurar a palavra ‘coragem’ no dicionário, encontrará a foto dela. Ela é um exemplo de caráter e, com este veredito do júri, finalmente foi feita justiça para ela”, afirmou Roth.

O New York Post relembrou um caso parecido, que também ocorreu em Nova York, de um homem que perdeu um braço e uma perna ao cair bêbado dentro de uma estação. Inicialmente, ele receberia uma indenização de US$ 90 milhões (R$ 490 milhões), ainda maior que a da brasileira, mas o valor foi posteriormente reduzido para US$ 40 milhões (R$ 213 milhões).