Um turista de 43 anos morreu nesta terça-feira, 15, após realizar um mergulho a uma profundidade de 60 metros, no arquipélago de Fernando de Noronha, na costa de Pernambuco. O mergulhador, identificado como Bruno Jardim de Miranda Zoffoli, fazia uso de um cilindro de oxigênio para tentar chegar aos destroços da Corveta Ipiranga, que naufragou no local em 1983.

Os médicos apontaram como causa da morte doença descompressiva, decorrente do processo de respiração embaixo d’água.

De acordo com informações da administração de Fernando de Noronha, o turista fez um mergulho autônomo, ou seja, com o uso de equipamento de respiração, no local do naufrágio, que está a 62 metros de profundidade.

Durante a atividade, ele passou mal e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O paciente foi levado ao Hospital São Lucas, no centro da ilha, com sintomas respiratórios e rebaixamento no nível de consciência.

Na ocasião, segundo nota da administração, foi indicada terapia hiperbárica por diagnóstico de doença descompressiva. Nessa terapia, o paciente que sofre acidente em mergulho é colocado em uma câmera hiperbárica e respira oxigênio puro, com pressão superior à atmosférica.

“Após algumas horas de tratamento, (o paciente) apresentou melhora clínica dos sintomas, porém, posteriormente, evoluiu com PCR (parada cardiorrespiratória), não havendo sucesso após procedimentos de reanimação por cerca de 1 horas e 30 minutos”, informa a nota.

O corpo foi encaminhado pelo Serviço de Resgate e Transporte Aeromédico (Salvaero) da Força Aérea Brasileira para o Instituto Médico-Legal (IML) de Recife, para verificação da causa da morte. A Polícia Civil vai investigar a ocorrência.

Zoffoli era natural de Belo Horizonte e foi secretário de Obras em Esmeraldas, na região metropolitana da capital mineira, entre 2008 e 2012, segundo a prefeitura da cidade. Ele era também apaixonado por mergulhos e tinha várias certificações obtidas em cursos. Zoffoli deixa mulher e duas filhas.

‘Salva-vidas’

A câmara hiperbárica chegou a Fernando de Noronha este ano, resultado de uma parceria entre a administração da ilha, que cedeu o espaço para instalação, e a Associação Noronhense de Empresas de Mergulho Autônomo (Anema), que adquiriu o equipamento.

Considerada uma espécie de ‘salva-vidas’ por mergulhadores, ela é usada em caso de acidentes em mergulhos, quando ocorre a doença descompressiva, situação em que é necessário realizar a chamada oxigenoterapia hiperbárica.

A doença descompressiva resulta da formação de bolhas no sangue causadas pelo excesso de nitrogênio ou outro gás na mistura respiratória usada por mergulhadores para respirar embaixo d’água. As causas podem ser o tempo excessivo de mergulho em grande profundidade, ou ainda a velocidade no retorno à superfície.

Só no Parque Nacional Marinho de Noronha, segundo dados da Anema, foram realizados em 2023 cerca de 30 mil mergulhos autorizados e certificados.

Conforme mostrou o Estadão, a região do arquipélago é conhecida como “Rota do Medo” devido aos naufrágios. O site Informações de Naufrágios, plataforma criada por dois especialistas em mergulhos, aponta 18 embarcações afundadas desde o fim do século 19.

A Corveta Ipiranga, da Marinha do Brasil, afundou após bater em uma formação rochosa, quando realizava missão de apoio à guarnição da ilha. A tripulação foi salva por pescadores. Seus destroços estão entre os que mais atraem mergulhadores.